As bancadas do PP e do PROS na Câmara dos Deputados anunciaram a criação de um bloco na Casa, batizado de "agenda programática". Juntas, as duas legendas totalizarão 57 deputados, sendo a terceira maior da Câmara. O bloco PP-PROS será inferior apenas às bancadas de PT e PMDB, que possuem, respectivamente, 88 e 76 deputados federais.
PP e PROS, que já faziam parte da base aliada do governo Dilma Rousseff, devem intensificar o apoio à presidente na Casa. Os dois partidos estão de olho na reforma ministerial e também no apoio à reeleição de Dilma em 2014. Assim, devem utilizar a união entre suas bancadas para aumentar seu poder de negociação na Câmara e obter uma maior participação na Esplanada dos Ministérios.
Em relação à reforma ministerial, foco do novo bloco partidário formado na Câmara, a tendência é que o PP permaneça com o Ministério das Cidades. Em troca, os progressistas apoiariam formalmente a candidatura da presidente Dilma Rousseff (PT) à reeleição em 2014.
Mesmo que ocorram algumas dissidências estaduais, esse apoio formal do PP é importante não só para Dilma ampliar seu tempo de TV, mas também para diminuir o número de partidos disponíveis que possam levar Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) a buscar parcerias com eles.
O PROS, por sua vez, que tem no governador do Ceará, Cid Gomes, e no ex-ministro Ciro Gomes suas principais lideranças, quer aumentar seu poder de negociação na reforma ministerial a partir da união com o PP. O partido está de olho no Ministério da Integração Nacional, que pertencia ao PSB até esse partido sair da base do governo. O problema é que a pasta também é alvo de cobiça do PMDB.
Temos então uma disputa que a presidente Dilma Rousseff precisará gerenciar entre dois aliados. O PROS é um partido importante para Dilma, principalmente pelo apoio da família Gomes no Ceará. Como Cid e Ciro saíram do PSB para manter o apoio à presidente, é possível que eles cobrem espaço na reforma ministerial. O PMDB, porém, talvez não queira abrir mão de voltar a comandar a Integração Nacional.
Assim, a solução pode ser uma gestão compartilhada de PROS e PMDB nessa pasta, que possui cargos estratégicos para a Região Nordeste com elevado peso político e financeiro. O que também pode entrar na negociação é o apoio do PROS e do PT à candidatura do senador Eunício Oliveira (PMDB) ao governo do Ceará.