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Mensalão deverá ter impacto limitado na campanha de Dilma

Quando explodiu o escândalo do mensalão, em 2005, muitos acreditavam que o ex-presidente Lula (PT) perderia a eleição já no primeiro turno.

Todos os institutos de pesquisa mostraram queda média de dez pontos na avaliação ótimo/bom do ex-presidente entre junho e dezembro de 2005. Pesquisa Ibope de março de 2005 apontava que 39% dos entrevistados consideravam o governo ótimo/bom. Em dezembro, eram 29%. O Datafolha revelou que o índice caíra de 35% para 28%, entre julho e dezembro daquele ano.

Em dezembro de 2005, levantamento do Datafolha indicava que José Serra (PSDB), em um eventual segundo turno contra Lula, teria 50% dos votos contra 36% do candidato petista. Geraldo Alckmin, que acabou sendo o candidato tucano, também estava bem posicionado: aparecia com 40% das intenções de voto, contra 41% de Lula.

No entanto, Lula conseguiu reverter a situação e acabou vencendo a eleição no segundo turno, com 60,83% dos votos válidos.

Agora, há quem acredite que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que 12 dos 25 condenados do mensalão, entre eles José Dirceu, João Paulo Cunha e José Genoino, todos do PT, podem apresentar recurso – ficando o desfecho do julgamento para o primeiro semestre de 2014 – pode prejudicar a reeleição de Dilma Rousseff. Não é bem assim.

Em primeiro lugar, apesar de serem do PT, as pessoas condenadas pelo STF não têm qualquer cargo na administração de Dilma. Outro fator importante é que entre o início do julgamento do mensalão pelo STF, em agosto do ano passado, até antes dos protestos de junho e julho deste ano, a popularidade da presidente pouco oscilou. Mesmo o assunto tendo ampla cobertura pela mídia impressa e eletrônica.

Também é importante mencionar que o ex-presidente Lula, caso fosse o candidato e de acordo com pesquisa Datafolha (7 a 9 de agosto de 2013), poderia vencer já no primeiro turno. O ex-presidente apareceu com 51% das intenções de voto, seis pontos acima do registrado em junho. Sem dúvida alguma, o ex-presidente usará seu prestígio eleitoral em favor de Dilma no próximo ano.

Até mesmo para o PT o impacto pode não ser tão trágico. Na eleição municipal do ano passado, chegou-se a afirmar que o partido poderia sofrer derrotas importantes por conta do início do julgamento do mensalão, muito próximo do pleito. No entanto, além do PSB, o PT foi a legenda que elegeu o maior número de prefeitos na eleição de 2008, apresentando um crescimento de 13,85%. Chegou a vencer São Paulo, maior cidade do país e uma das mais politizadas.

Mas o partido pode sofrer algum desgaste. Em 2002, por exemplo, o PT elegeu 91 deputados federais. Na primeira eleição pós-mensalão (2006), sua bancada caiu para 83 deputados federais. Em 2010, foram 86.