Câmara pode flexibilizar regras para criação de partidos
15 de outubro de 2013
Vox Populi: Dilma segue favorita, por Murillo de Aragão
17 de outubro de 2013
Exibir tudo

Os desafios dos presidenciáveis, por Murillo de Aragão

Os potenciais candidatos a presidente da República possuem uma série de desafios pela frente, a cerca de um ano para o primeiro turno das eleições de 2014.
 
A presidente Dilma Rousseff, que buscará a reeleição, aguarda o resultado das pesquisas quantitativas e qualitativas contratadas pelo Palácio do Planalto para avaliar a melhor estratégia diante do fato novo que surgiu no quadro sucessório de 2014: a união entre Eduardo Campos e Marina Silva.
 
Embora vozes importantes da direção nacional do PT avaliem que Dilma se beneficiará da união entre Eduardo e Marina, já que ao invés de três adversários competitivos (Aécio, Eduardo e Marina) ela passará a ter dois (Aécio e Eduardo ou Marina), há quem veja o cenário de forma diferente.
 
Além do rumo do cenário político (continuidade da polarização ou mudança de paradigma, com o PSB ocupando o espaço que hoje pertence ao PSDB), Dilma tem alguns temas a serem administrados.
 
Por exemplo, o PMDB cobra uma definição, por parte de Dilma, do novo ministro da Integração Nacional. Os peemedebistas teriam ficado insatisfeitos com os rumores de que a presidente poderia entregar o comando da pasta aos irmãos Gomes – Cid e Ciro –, que trocaram o PSB pelo PROS para manter o apoio à reeleição de Dilma.
 
PP e PDT também devem buscar mais espaço na Esplanada dos Ministérios. Essas legendas devem aproveitar o desejo do governo de afastá-los de uma eventual aliança com Aécio Neves (PSDB) ou Eduardo Campos (PSB) em 2014 para barganhar.
 
O provável candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, senador Aécio Neves (MG), também enfrenta desafios (externos e internos). Aécio, que foi igualmente surpreendido pela aliança entre Eduardo Campos e Marina Silva, trabalha para evitar que a candidatura do PSB cresça a ponto de inviabilizar sua participação no segundo turno.
 
Além disso, o PSDB corre atrás de aliados. Embora a aliança com o DEM seja uma tendência para 2014, o PPS, outro partido importante de oposição ao lulismo, flerta também com o PSB. O mesmo ocorre com o SDD, partido criado pelo deputado federal Paulinho da Força (SP), que seria interessante não só para ampliar o tempo de TV de Aécio Neves, como para lhe garantir a estrutura da Força Sindical.
 
Eduardo Campos e Marina Silva, que, através da aliança firmada, protagonizaram uma mudança importante de peças no tabuleiro político, têm igualmente desafios. Na semana passada, a declaração de Marina de que ela e Eduardo “são possibilidades para 2014” (comentário feito pela ex-senadora ao ser questionada sobre quem será o candidato a presidente pelo partido) incomodou setores do PSB.
 
Segundo informações obtidas pela Arko Advice, segmentos do Rede Sustentabilidade não estariam de acordo com a definição de Marina como candidata a vice de Eduardo. No entendimento de lideranças políticas do Rede, “quem possui 20 milhões de votos é a ex-senadora”. Porém, na avaliação do PSB, pelo fato de o partido ser o responsável pela estrutura, quem dita as regras é Eduardo Campos.
 
O posicionamento crítico de Marina em relação à política tradicional pode ainda trazer problemas para a chapa no relacionamento com aliados que Eduardo conquistou recentemente, por exemplo, os ex-senadores Jorge Bornhausen (sem partido) e Heráclito Fortes (que trocou o DEM pelo PSB há pouco), e ainda o presidente do PSB catarinense, Paulo Bornhausen, que migrou do PSD para o PSB.
 
Outro item que pode ter que ser administrado é se Eduardo não crescer nas pesquisas a ponto de demonstrar competitividade até o início de 2014. Isso pode levar a um movimento em favor da candidatura de Marina ao Planalto, principalmente se a ex-senadora estiver mais bem posicionada nas sondagens de intenção de voto.