A presidente Dilma Rousseff, que buscará a reeleição, aguarda o resultado das pesquisas quantitativas e qualitativas contratadas pelo Palácio do Planalto para avaliar a melhor estratégia diante do fato novo que surgiu no quadro sucessório de 2014: a união entre Eduardo Campos e Marina Silva.
Embora vozes importantes da direção nacional do PT avaliem que Dilma se beneficiará da união entre Eduardo e Marina, já que ao invés de três adversários competitivos (Aécio, Eduardo e Marina) ela passará a ter dois (Aécio e Eduardo ou Marina), há quem veja o cenário de forma diferente.
Na semana passada, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), avaliou, durante encontro com o ex-presidente Lula (PT), que a existência de duas candidaturas no tabuleiro (Dilma e possivelmente Eduardo) muda a configuração do jogo político. Para Tarso, a disputa, de agora em diante, não será em torno dos legados de Lula e FHC, mas sobre o futuro (o que os candidatos e as coalizões dirão sobre os próximos anos).
Além do rumo do cenário político (continuidade da polarização ou mudança de paradigma, com o PSB ocupando o espaço que hoje pertence ao PSDB), Dilma tem alguns temas a serem administrados. Assuntos econômicos (sobretudo controle da inflação, manutenção do crescimento, mesmo num ritmo mais moderado, e geração de empregos), reforma ministerial e desejo dos partidos da base de ampliar seu espaço no governo devem ganhar espaço na agenda.
Por exemplo, o PMDB cobra uma definição, por parte de Dilma, do novo ministro da Integração Nacional. Os peemedebistas teriam ficado insatisfeitos com os rumores de que a presidente poderia entregar o comando da pasta aos irmãos Gomes – Cid e Ciro –, que trocaram o PSB pelo PROS para manter o apoio à reeleição de Dilma.
Mais do que isso, o PMDB ameaçou liberar os diretórios regionais para fazer as coligações estaduais que julgarem mais vantajosas politicamente, caso a Integração Nacional seja entregue ao grupo dos Gomes para fortalecer o palanque da presidente no Ceará.
PP e PDT também devem buscar mais espaço na Esplanada dos Ministérios. Essas legendas devem aproveitar o desejo do governo de afastá-los de uma eventual aliança com Aécio Neves (PSDB) ou Eduardo Campos (PSB) em 2014 para barganhar. Por outro lado, Dilma parece ter ganho um importante reforço, a senadora Kátia Abreu (TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), que trocou o PSD pelo PMDB, abrindo um canal significativo do agronegócio com a presidente.
Outro desafio prioritário para o Planalto será a composição dos palanques regionais. Em reunião realizada no Palácio da Alvorada na última quinta-feira (10), o ex-presidente Lula avaliou que é o momento de isolar Eduardo Campos e o PSB nos estados.
Assim, a orientação de Lula foi a de que Dilma intensificasse as negociações com PMDB, PTB e PR e outras legendas menores com o objetivo de limitar ao máximo as possibilidades de alianças para Eduardo. Mais do que isso, o ex-presidente quer que o PT rompa a aliança com o PSB em Pernambuco, estado governado por Eduardo Campos, e lance candidaturas onde os governadores são do PSB (Pernambuco, Amapá, Espírito Santo, Paraíba, Piauí e Ceará).