Considerando, no cenário atual, a força das pré-candidaturas possíveis à Presidência da República nas eleições de 2014, a tendência é que a eleição seja decidida no segundo turno.
Da mesma forma, levando-se em conta a vantagem que a presidente Dilma Rousseff tem em relação a seus concorrentes, os bons índices de popularidade e o prestígio elevado do ex-presidente Lula, seu principal cabo eleitoral, é inquestionável a presença de Dilma no segundo turno.
Portanto, Aécio Neves e Eduardo Campos travam, desde já, intensa disputa pelo posto de adversário de Dilma no segundo turno. Semana passada, o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, afirmou que “é ele [Aécio] que eu preciso afastar e impedir o crescimento”.
Analisando os dados apresentados pela última pesquisa Datafolha, é possível afirmar que Campos e Marina têm, hoje, mais chances de ir para o segundo turno do que Aécio.
Entre os candidatos listados pelo Datafolha, os mais conhecidos pelos brasileiros são Dilma Rousseff (99% a conhecem, sendo que 56% muito bem, e 33%, um pouco) e o ex-governador de São Paulo José Serra (97% o conhecem, sendo que 40% muito bem, 34%, um pouco, e 23%, só de ouvir falar).
O menos conhecido é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (57% o conhecem, sendo que só 8% muito bem, enquanto 17% o conhecem um pouco, e 31%, só de ouvir falar). A ex-senadora Marina Silva é conhecida por 88% (23% a conhecem muito bem, 35%, um pouco, e 31% a conhecem só de ouvir falar). O senador mineiro Aécio Neves é conhecido por 78% dos brasileiros, que se dividem entre os que o conhecem muito bem (17%), um pouco (25%) e só de ouvir falar (35%).
A diferença de conhecimento entre Aécio (78%) e Campos (57%) é de 21 pontos percentuais. Entretanto, de acordo com o Datafolha, Aécio tem 21% de intenções de voto e Eduardo tem 15%. Ou seja, potencialmente, há mais espaço de crescimento para Eduardo que Aécio.
Outro fator interessante é o peso do vice. Nesse caso, impressiona a força de Marina. O Datafolha simulou um confronto entre as chapas de Dilma como candidata a presidente e Michel Temer (PMDB) como vice contra a chapa do PSB, alternando Marina e Campos como cabeça de chapa e vice.
Hoje, a chapa com Marina candidata a presidente tendo Campos como vice é mais forte: teria 42% das intenções de voto, em situação de empate técnico com Dilma/Temer (44%). Quando Campos aparece como candidato a presidente e a ex-senadora como vice, eles obtêm 37% das intenções de voto, ante 46% de Dilma e Temer.
Esses índices mostram que, caso o PSDB decida de fato concorrer com Aécio, terá que escolher um vice bom de voto. A imprensa veiculou que Aécio cogita fazer uma chapa puro-sangue com Serra.
Apesar de Serra poder ajudar Aécio Neves em São Paulo, o ex-governador poderá beneficiar Eduardo Campos e Marina Silva a se posicionarem como o “novo”, caso decida ser o candidato a vice-presidente na chapa de Aécio. Isso pode ocorrer porque a entrada de Serra no debate eleitoral como candidato na chapa do PSDB ajudaria Eduardo e Marina a rotularem o embate entre PT x PSDB como “velho”.
Vale lembrar que Serra, além de ter sido o adversário de Dilma na eleição de 2010, foi também o principal antagonista de Lula em 2002. Ou seja, das três últimas eleições presidenciais, Serra foi o representante do PSDB contra o PT em duas ocasiões.
Nas últimas semanas, o PSB conseguiu atrair bastante a atenção da mídia com fatos positivos. Primeiro, ao decidir deixar a base aliada. Segundo, ao entregar os cargos que tinha no governo federal.
Já o PSDB parece correr atrás do prejuízo. Ainda há tempo para a legenda reverter a possibilidade de ficar de fora do segundo turno, mas a legenda precisa ser mais proativa.