A charge de O Globo de sábado (13), com a presidente Dilma Rousseff sentada em um barril de óleo prestes a explodir, ilustra bem a situação da Petrobras. A salvação da empresa, desmoralizada em todas as frentes, depende de uma atitude de estadista pouco comum no Brasil de hoje.
O ponto número 1 é trocar toda a diretoria da estatal. O recado dado pelo procurador-geral da República, Ricardo Janot, ainda que inoportuno, pois não caba a ele fazer tal recomendação, expressa a indignação generalizada sobre a situação na empresa. Mas a troca não pode ser baseada nos critérios políticos utilizados nos últimos tempos. A nova diretoria deve ser absolutamente profissional e independente.
Existem nomes em abundância no Brasil e no mundo para levar a bom termo tal tarefa. No Brasil, cito apenas três de elevada qualidade e comprovada experiência, o que pode ser constatado com uma rápida olhada em seus currículos: Claudia Sender (TAM Linhas Aéreas), Marco Bologna (TAM S.A.), Nelson Silva (BG).
Dilma deve trocar a diretoria da Petrobras imediatamente, para o bem do país, para o bem da empresa e, em seu interesse direto, para o bem de sua carreira. A estratégia adotada de esperar a poeira baixar para ver como é que fica não vai resolver o problema pelo simples fato de que o governo e o PT não controlam mais nada; são passageiros de um trem desgovernado. E contam com a antipatia da Justiça, do Ministério Público, da Polícia Federal e de parte majoritária do mundo político, incluindo governistas e oposicionistas.
O ponto número 2 é que a Petrobras está sendo ameaçada em várias frentes. Vamos a elas.
Nos Estados Unidos, existem quatro grandes riscos: as investigações na Security Exchange Committee (SEC), as investigações no Departamento de Justiça (DOJ), as mais de oito ações de acionistas minoritários abertas por escritórios grandes e, ainda, o risco de rebaixamento da empresa pelas agências de rating.
No Brasil, os riscos estão postos nas investigações da Operação Lava-Jato, que se desenrolarão na Justiça Federal, no Supremo Tribunal Federal, no Tribunal de Contas da União e no Congresso Nacional, onde uma nova CPI será instalada a partir da divulgação dos nomes dos políticos envolvidos. Pior ainda é a confusão na divulgação dos balanços trimestrais da empresa.
Dilma é conhecida por ter muitos defeitos. Entre eles, ser absurdamente teimosa, atrevida e grosseira com os subalternos e desprezar o rito da política, além de ter pouco apreço a instituições como o Itamaraty e o Congresso Nacional. Mas é reconhecida como uma pessoa de princípios morais elevados e por sua honestidade.
Em não agindo de forma contundente neste momento, poderá ser tragada pela crise da Petrobras. Em agindo de forma eficiente e contundente, poderá ser igualmente atingida, porém, terá o mérito de ter feito a coisa certa mesmo depois de ter insistido no erro.
Enfim, não é uma situação trivial.