A ascensão fulminante de Marina Silva (PSB) na disputa pela Presidência da República e seu discurso sobre a nova política, rejeitando a proximidade com políticos tradicionais, inquietam o mercado e empresários a respeito da dimensão do apoio que não apenas a candidata do PSB, mas os outros dois presidenciáveis – Dilma Rousseff e Aécio Neves –, terão no Congresso Nacional, no caso de serem eleitos.
Dilma, caso eleita, terá maioria nas duas Casas. Mas é importante ressaltar que no Senado sua vida não será tão tranquila. Para aprovar uma proposta de emenda à Constituição é necessário o respaldo de 49 senadores. Hoje, a base formal de Dilma soma 52 votos. Esse apoio é o nominal, não inclui as dissidências. Além disso, ela terá de gerenciar os desgastes dos últimos anos. O PMDB, seu principal aliado, já sinalizou que terá candidato próprio em 2018. A legenda também deve entrar em atrito com o PT logo no início do próximo ano devido à disputa pelas presidências da Câmara e do Senado.
A aliança de Aécio Neves não tem maioria. Mas aqueles partidos que fizeram parte da base do ex-presidente Fernando Henrique devem apoiá-lo, como PMDB, PP, PR, além do PSD, criado em 2013. Também poderá atrair o PSB e o PPS.
A dúvida maior recai sobre Marina. Por esse motivo, o presidente do PSB, Roberto Amaral, já está se articulando para resolver o problema. Haverá disposição do Congresso em apoiá-la, mas Marina terá de ceder em alguns aspectos. O PMDB, por exemplo, deverá continuar sendo a maior legenda no Senado. Certamente o partido pleiteará continuar no comando da Casa, com ou sem Renan. Portanto, o diálogo com o PMDB é fundamental. As negociações do presidente eleito com os partidos da futura base começarão logo após o primeiro turno (5/10). Mas serão muito mais intensas entre novembro e dezembro.