Embora a ex-senadora Marina Silva (PSB) represente um acréscimo para a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ao Palácio do Planalto, o relacionamento de ambos continua passando por turbulências. E, ao que tudo indica, as divergências, sobretudo em relação à composição das alianças nos estados, deve permanecer na agenda.
O caso mais evidente localiza-se em São Paulo (SP). No maior colégio eleitoral do país, Marina Silva defende o lançamento de candidatura própria ao governo paulista. Marina deseja que o PSB aposte no nome da deputada federal Luiza Erundina. Porém, o diretório estadual do PSB, liderado por Márcio França, prefere apoiar a reeleição do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Mesmo com Marina movimentando-se em favor de Luiza Erundina, Eduardo Campos orientou o PSB a fechar aliança com Alckmin até o final do mês, o que pode gerar novos atritos entre Marina e Eduardo.
Além de Eduardo e França, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), é um defensor da aliança com o PSDB em São Paulo. Com isso, Donizette retribuiria o apoio que recebeu dos tucanos e de Alckmin nas eleições municipais de 2012. Caso a aliança entre PSDB e PSB seja firmada em São Paulo, os socialistas podem indicar o candidato a vice-governador na chapa de Geraldo Alckmin. Hoje, o nome que desponta com mais força no PSB é o do deputado federal Márcio França.
Pelo menos até o momento, o ingresso de Marina Silva no partido não rendeu a Eduardo Campos os benefícios esperados pelo PSB. Além de ter transferido pouca intenção de voto a Eduardo (ele continua atrás de Dilma e Aécio nas pesquisas), Marina tem dificultado a construção de alianças nos estados (Eduardo Campos perdeu, por conta da oposição de Marina Silva ao setor do agronegócio, o apoio do deputado federal Ronaldo Caiado em Goiás) e o relacionamento com setores importantes.
Marina Silva, mesmo sem ter conseguido fundar o partido que pretendia, o Rede Sustentabilidade, continua trabalhando nos bastidores para fortalecer essa legenda, que poderá ser formalmente criada após o processo eleitoral deste ano. Ou seja, conforme podemos observar, Marina não parece ter abraçado o projeto de Eduardo. Por enquanto, está no PSB para não perder seu capital político, ou seja, por necessidade.
Vale destacar que as divergências no PSB podem crescer de intensidade, visto que Marina e seu grupo político poderão reivindicar a cabeça de chapa na disputa presidencial, caso a ex-senadora demonstre maior competitividade eleitoral que Eduardo Campos.