A força das palavras do ex-presidente Lula contra a terceirização, no programa do PT que foi ao ar ontem, acabou colocando em risco toda a estratégia do governo para emplacar o pacote de ajuste fiscal na Câmara. Ao atacar o projeto já aprovado pelos deputados federais, a estrela da legenda irritou especialmente os peemedebistas, que, naquela altura, já haviam se manifestado a favor do arrocho de Dilma. Sobrou para o vice-presidente Michel Temer acalmar os ânimos mais exaltados. Entre eles, do líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), que horas após a veiculação do programa do PT anunciou a retirada do apoio do partido às MPs do ajuste.
Até agora não se sabe se Lula agiu de propósito, para, de fato, comprometer o governo de sua pupila. Ou, tomado por um ímpeto involuntário e mal calculado, sentou a borduna no projeto de terceirização na tentativa de desviar as atenções sobre os seguidos escândalos que envolvem a sigla. Qualquer que seja a resposta, o resultado desse tipo de ação política é um só: complicar ainda mais um cenário que se mantém instável há seis meses.
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