Nos protestos do dia 15 de março, um fenômeno que chamou a atenção foi a força adquirida pelo antipetismo. Embora o alvo dos manifestantes tenha sido a presidente Dilma Rousseff, nem mesmo o ex-presidente Lula foi poupado. Em todas as capitais em que houve protesto, ouviram-se gritos de “Fora PT”.
Mesmo que um terço dos brasileiros historicamente não vote no PT, o que sobressai no cenário atual é o surgimento do antipetismo militante. Desde a campanha eleitoral do ano passado é possível observar um movimento engajado, sobretudo via redes sociais, com o objetivo de desgastar a imagem do partido.
Além de se manter ativo após o fim da eleição presidencial, esse antipetismo militante continua mobilizado. Além de ter ido maciçamente às ruas no dia 15, a parcela do eleitorado composta majoritariamente pela chamada classe média tradicional mobiliza-se agora para realizar um novo protesto no dia 12 de abril.
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O antipetismo está hoje concentrado em especial em São Paulo, onde, na última campanha eleitoral, militantes petistas encontraram dificuldade até mesmo para defender os candidatos do partido. No entanto, a militância contrária ao PT não ficou restrita ao maior colégio eleitoral do país, estendendo-se a outras capitais, conforme mostraram os protestos do dia 15.
Apesar de lideranças petistas afirmarem que o antipetismo está concentrado em parcelas da população que historicamente não votam no PT, pesquisas qualitativas não divulgadas apontam que já existe uma contaminação da propaganda anti-PT em parcelas da nova classe média, que ascendeu socialmente na última década.
Como a tendência é que o ambiente econômico não melhore no curto prazo, há espaço para eleitores que votaram no PT nas últimas eleições serem “contaminados” pelo ambiente negativo e também se voltarem contra o partido. Com a conjuntura adversa, há sério risco de o PT colher um resultado bastante ruim nas eleições municipais de 2016.
E caso os problemas de imagem vividos pelo partido não sejam corretamente enfrentados, a volta de Lula em 2018 pode ser seriamente abalada. O ex-presidente foi o criador de Dilma Rousseff. É pouco provável que o marketing tenha o poder de dissociá-los.