As recentes derrotas no Congresso, os desentendimentos com a base aliada e, de forma contundente, a presença de mais de 2 milhões de pessoas nas ruas, no domingo (15), protestando contra o governo, empurram a presidente Dilma Rousseff para uma reforma ministerial urgente.
Nesta quarta-feira, 18, pesquisa Datafolha revela que 62% dos brasileiros consideram a gestão da presidente Dilma Rousseff ruim ou péssima. É a mais alta taxa de reprovação de um mandatário desde setembro de 1992, véspera do impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, que era de 68%.
Apenas 13% classificam o governo de Dilma como ótimo ou bom, uma queda de dez pontos em relação à pesquisa anterior. São dados que acentuam a necessidade de mudança.
Segundo o jornalista Lauro Jardim, na sua coluna Radar, da revista Veja, o coordenador político do governo, Pepe Vargas, será um dos ministros a deixar o governo. Mas é sabido que o desempenho de Vinicius Lages, do Turismo, também não agrada ao Palácio do Planalto, assim como há restrições à funcionalidade do núcleo duro – além de Vargas, Aloizio Mercadante (Casa Civil), Miguel Rosseto (Secretaria Geral) e Ricardo Berzoini (Comunicações).
Na semana passada, transpirou a informação de que Mercadante se voltaria para dentro do governo, num trabalho mais executivo, enquanto o vice-presidente Michel Temer (PMDB) passaria a ser integrante regular do petit comitê político. Sem falar que o ministro Joaquim Levy, da Fazenda, ganhou papel relevante no diálogo com o Congresso, o que ficou demonstrado na operação responsável pelo escalonamento da correção da tabela do Imposto de Renda.
A profundidade e as ramificações da crise põem foco na coordenação política, principalmente diante do novo poder que emana do Congresso, onde os presidentes do Senado e da Câmara Federal têm alimentado a pauta das duas Casas com propostas que contrariam o interesse do Planalto. Na semana passada, por exemplo, mesmo com o trabalho de bombeiro exercido por Temer e Levy, que foram ao Congresso negociar, a vitória governista foi apertada.
O que revela que a fórmula de sinalizar flexibilidade por meio do aumento do número de cadeiras no gabinete presidencial não é suficiente. Os partidos que apoiam a presidente disputam orçamento, influência e atenção, três valores que a sua personalidade reluta em dividir, mesmo com as ruas empurrando a sua porta.