Blog do Noblat – 01/12/2016
Por Murillo de Aragão
Nos últimos dias, acentuaram-se expectativas econômicas negativas a respeito de 2017, que se seguiram à revisão oficial do crescimento do PIB no ano que vem. Passou de 1,6% para 1%. A notícia foi turbinada pela crise política que levou à demissão dos ministros Geddel Vieira e Marcelo Calero, depois de denúncias sobre tráfico de influência que acabaram no colo do presidente Michel Temer.
Na noite de terça-feira, durante os preparativos para a votação da PEC dos Gastos no Senado, veio o terceiro ingrediente dessa “conspiração” contra a política de retomada econômica – a Esplanada dos Ministérios foi dominada por manifestações violentas contra medidas capazes consertar graves erros do passado.
O movimento teve início às 16 horas. Estavam no protesto estudantes, representantes da CUT, MST, organizações ligadas às universidades federais e grupos indígenas. Quatro carros foram destruídos, oito pessoas presas, equipamentos destruídos e patrimônio público vandalizado. A sombra do PT podia ser percebida desde que o ato começou a se organizar a partir de sua própria lógica: depois de encomendar a maior recessão dos séculos XX e XXI, o partido de Lula pretende bloquear a qualquer custo o remédio para enfrentar a situação.
Poucas vezes, no período recente da crise brasileira, o país organizou uma quantidade tão impressionante de incoerências. Antecipar a possibilidade de mais de um ano perdido, fazer disso uma agenda e projetar suas sequelas a partir de uma revisão estatística, é se comprazer com o mau agouro.
A parte mais madura do mercado não foi surpreendida. Sabe que a recuperação pode atrasar um ou dois trimestres, a partir da constatação de que a recessão atual tem características diferentes das anteriores.
No passado, empresas e particulares não se endividavam por causa da superinflação, e com isso tinham maior capacidade de recuperação. Hoje, ambos estão atolados em dívidas, buscam primeiro sair do atoleiro para depois pensar em investimento. Em Brasília, o presidente Michel Temer tem cumprido sua parte ao vencer todas as votações importantes das medidas do pacote de ajuste fiscal.
Me dei ao trabalho de elencar 13 medidas que o governo e Congresso prepararam, pautaram e, em sua maioria, aprovaram com o objetivo de reverter a herança maldita de Dilma Rousseff: DRU até 2023, novas regras para o pré-sal, PEC dos Gastos, Lei de Responsabilidade das Estatais, Reforma do Ensino Médio, novo modelo de campanhas eleitorais, Reforma do Setor Elétrico, Reforma da Telefonia, Liberação do jogo, Repatriação de capitais, Reforma Política, Parcerias Público-Privadas e debate sobre desburocratização.
Ninguém é ingênuo de imaginar que em apenas seis meses essa pauta, apesar de árdua, seria suficiente para resolver um desarranjo ao qual a gestão anterior dedicou-se com tanto empenho nos últimos três anos e meio.
Mas, conforme afirmei em evento de iniciativa da Arko Advice e Consulting House, realizado segunda (28), em Brasília, “a recuperação da credibilidade econômica do Brasil irá demorar, mas o certo é que hoje temos um rumo muito mais adequado. Vejo como mais importante a disposição do governo para o diálogo”.