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PSDB adota discurso mais duro contra o governo

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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sugeriu ontem que a presidente Dilma Rousseff renuncie como saída para a crise política. “Se a própria presidente não for capaz do gesto de grandeza (renúncia ou a voz franca de que errou, e sabe apontar os caminhos da recuperação nacional), assistiremos à desarticulação crescente do governo e do Congresso, a golpes de lavajato”, escreveu o ex-presidente na sua página do Facebook.
A mensagem de FHC surpreendeu o mundo político. Como era de se esperar, causou ampla repercussão aqui e no exterior, e fúria no PT. A consequência imediata da declaração é por lenha na fogueira do impeachment já que a renúncia não figura no cardápio de opções de Dilma.
É a mais dura crítica ao governo já feita pelo ex-presidente desde o início da crise. E tem o peso de um coro tucano contra a presidente. Ontem à noite, o senador José Serra disse em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que acha difícil a presidente terminar seu mandato. Se isso acontecer, o PSDB deveria apoiar o vice-presidente Michel Temer, afirmou.
Segundo ele, ainda não há elementos para um processo de impeachment. Serra defendeu o respeito às regras do jogo e disse que não se tira um governo porque ele é ruim. Na avaliação dele, quem quer que assuma em substituição à presidente Dilma “comeria o pão que o diabo amassou”.
Na mesma segunda-feira, o jornal Valor Econômico publicou entrevista de Serra com diagnóstico arrasador sobre o segundo mandato: “O governo é incapaz de enfrentar com um mínimo de eficiência os transtornos da economia e fazer articulação política eficiente com Congresso e partidos. E deve suportar a desintegração do lulopetismo.”
Serra contou que “houve um quase-pânico entre os empresários” diante da ameaça representada pela pauta-bomba da Câmara, embora isso não afete todos diretamente. “O sistema financeiro tem tido rentabilidade altíssima, em função da política monetária do governo. Mas tem grande ansiedade com relação ao médio e longo prazos.” O que dizer, então, dos setores empresariais que já não vão bem, perguntou o senador.
Na entrevista ao Roda Viva, Serra confessou que nunca viveu uma situação tão enrolada. Ele participou de algumas crises e testemunhou outras. Mas a atual é a maior que viveu. Incluindo a experiência de toda a América Latina. Trata-se de uma conjunção de crises: social, política, econômica e moral. Com um agravante: o governo totalmente sem condições de resolvê-las.