Apesar de ser tema obrigatório na mídia diariamente, um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff, além de não ser consenso entre os próprios políticos, não seduz a elite empresarial. O motivo é que essa solução é a que mais incerteza agrega à síndrome de paralisia que contamina o governo.
Num típico “ruim com ela, pior sem ela”, a maioria dos empreendedores fica insegura diante da hipótese de interrupção do mandato de Dilma. A elite econômica acha que, com o impeachment, a volatilidade aumentaria. Até porque ainda não há nitidez sobre o método que seria utilizado – impugnação da chapa ou processo por crime de responsabilidade? Com ou sem eleição?
Cada uma dessas fórmulas está associada a um nome da oposição, preferencialmente do PSDB e, em geral, de tendência distinta em matéria de linha de programa de estabilização a ser adotada.
Em seguida, viria o demorado período do processo, dividido entre Câmara e Senado, enquanto a atividade econômica, travada desde o semestre passado, aguardaria os sinais da nova liderança política.
A questão mais relevante para os adversários, contudo, é que uma eventual nova eleição poderia significar uma oportunidade de retorno do PT ao poder. O que poderia acontecer, preferencialmente, por meio da candidatura do ex-presidente Lula, embora não haja qualquer garantia disso, uma vez que as recentes pesquisas mostram o petista bem atrás de Aécio Neves (PSDB-MG).
Resolvida essa equação, surgiria a dura tarefa de montagem de um novo ministério, abrindo questionamentos a respeito da orientação a ser seguida, dos critérios de escolha e do sistema de repartição de poder. Tudo isso sob o risco de reprodução de mais do mesmo, seguido da novela de preparação e de negociação de um novo Plano de Ajuste.
Em resumo, seria uma experiência exaustiva. E, com o país dividido pelos ressentimentos causados pela deposição da presidente, o ambiente político estaria ainda pior para buscar solução para os problemas econômicos.