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Os motivos de Dilma para poupar Obama, e de Merkel para fazer o contrário

Em entrevista à CNN, a presidente Dilma Rousseff isentou de responsabilidade a administração Barack Obama pela espionagem dela própria e de empresas brasileiras por parte da Agência Nacional de Informação americana. Segundo a presidente, essa conduta vem de um processo iniciado após o 11 de setembro, o ataque terrorista que destruiu as torres gêmeas em Nova York. Mesmo sem creditar a espionagem a Obama, Dilma não escondeu seu desconforto. “Nós não aceitamos o fato de que o governo, empresas e cidadãos brasileiros tenham sido espionados, porque isso atinge diretamente os direitos humanos, principalmente o direito à privacidade e à liberdade de expressão”, disse Dilma à jornalista Crhistiane Amanpour.
A gentileza da presidente destina-se a preparar o caminho da retomada de relações mais próximas com os Estados Unidos, projeto prioritário do primeiro mandato atropelado justamente pelo escândalo da espionagem, às vésperas da visita que a presidente faria a Washington, no ano passado. As razões da abordagem soft da presidente são compreensíveis, mas a chanceler Angela Merkel, com quem ela estará no domingo para assistir à final da Copa (Alemanha X Argentina), também tem bons motivos para pensar muito diferente. Ontem mesmo seu governo expulsou um agente da CIA do país em resposta a dois casos de suposta espionagem realizada pelos Estados Unidos. Ele seria um espião operando dentro da embaixada em Berlim, o que enfureceu políticos alemães. Para Merkel, a revelação de casos dessa natureza são um duro golpe num dos aliados mais estáveis e presentes, com os quem os americanos sempre contaram em meio século de boas relações com a Europa.