O bazar persa em que os partidos transformaram as coligações estaduais, a maioria na contramão dos apoios nacionais, está deixando alguns políticos tensos com o risco de a Justiça Eleitoral desautorizar o que alguns deles chamou de “bacanal eleitoral”. O colunista Merval Pereira, do Globo, levanta hoje o assunto com exemplos concretos. O mais óbvio: o PMDB deu seu tempo de propaganda de rádio e televisão para a Dilma Rousseff, mas nos estados coligou-se a diversos partidos. Aqui apoia o tucano Aécio Neves, ali sobe no palanque do socialista Eduardo Campos. Nesses casos, claro, a propaganda oficial do partido dedicada à presidência da República só pode ser feita a favor da candidata petista.
“Mas, e no tempo dedicado aos senadores e ao governador, como fica a situação de quem abriu dissidência nos estados?”, pergunta ele. Na Bahia, o candidato a governador da dissidência é Paulo Souto, do DEM, na chapa em que Geddel Vieira Lima, do PMDB, disputa o Senado. Essa chapa regional apoia Aécio, candidato do PSDB à presidência. Poderão fazer campanha para o tucano em seus tempos de televisão? A presunção é que sim, pois a verticalização (obrigatoriedade de se repetir em nível estadual o acordo celebrado nacionalmente) caiu há mais de oito anos.
No entanto, como estamos vivendo tempos de forte interferência da Justiça regulando os costumes políticos, é razoável temer um cartão vermelho do TSE. Como o prazo para oficialização das candidaturas termina na segunda-feira 30, se o tribunal interferir o cenário eleitoral ficará de pernas para o ar. Autêntico thriller!