Estranha eleição a deste ano. O PT mira obsessivamente o tempo de TV, convencido de que os argumentos que o marqueteiro João Santana usará nos comerciais da campanha eleitoral serão a bala de prata da reeleição da presidente Dilma. O PMDB sublocará seu tempo ao PT na convenção, mas nem todos os seus cabos eleitorais trabalharão em favor da presidente, pois, dependendo do estado, mais de dois candidatos subirão nos palanques regionais do partido. Por último, o PT enfrenta algumas dificuldades localizadas, como uma dieta de candidaturas próprias. Salvo engano, no Norte e Nordeste os petistas só teriam nomes próprios no Piauí, onde o senador Wellington Dias tem grandes chances, e na Bahia, com Rui Costa, ex-chefe da Casa Civil do governador Jaques Wagner, mal avaliado pelas pesquisas. Na oposição não é diferente. Por exemplo: o critério da escolha do vice na chapa de Aécio Neves é privilegiar o nome que mais atrapalhe a contagem de tempo da coligação do PT, em vez da capacidade de somar votos. Por causa disso, Aloysio Nunes pode ceder a vaga para uma indicação do PSD de Gilberto Kassab. Poderá ser a eleição com maior número de traições geneticamente programadas e aceitas como um valor estratégico para chegar à vitória. Projetos, disposição para mudar e vontade de melhorar a vida dos eleitores ficarão em segundo plano.