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A semana não foi boa para Lula

O saldo político da semana passada foi ligeiramente negativo para o presidente Lula: 7 X 5. Nada que ele tenha que se preocupar seriamente. Porém, são fatos que podem ser explorados adiante.

Pontos Negativos

Em primeiro lugar, a invasão do Movimento pela Libertação dos Sem-Terra (MLST) à Câmara dos Deputados. Criticados pela imprensa, formadores de opinião e políticos de várias tendências ideológicas, o ato foi coordenado por um integrante da Executiva Nacional do PT. Mais que isso, descobriu-se que o movimento recebeu mais de R$ 5 milhões da União na gestão de Lula.

Segundo: o governo sofreu uma derrota muito séria na Câmara. A oposição conseguiu que o reajuste dado ao salário mínimo (16,6%) fosse estendido a aposentados e pensionistas (MP 288/06) do Regime Geral da Previdência que ganham acima do mínimo. O impacto fiscal adicional é de cerca de R$ 8 bilhões por ano. A medida provisória ainda será submetida ao exame do Senado. Caso o governo não consiga restabelecer o texto original da MP, o presidente Lula terá que passar pelo constrangimento de vetar o reajuste.

Terceiro: o nome do presidente Lula foi incluído no relatório final da CPI dos Bingos, apresentado pelo relator, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN).

Quarto: Daniel Dantas confirmou na Comissão de Constituição e Justiça do Senado que recebeu um pedido do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para contribuir com o partido.

Quinto: irritado com a pergunta de Lula a Parreira sobre sua condição física (Lula indagou ao técnico da seleção se o Fenômeno estava gordo), Ronaldo, atacante da seleção brasileira, deu declaração à imprensa lembrando que também se diz que o presidente Lula bebe muito.

Para Lula, felizmente foram eventos que aconteceram perto da Copa do Mundo e relativamente distantes do início da campanha eleitoral.

Porém, dois aspectos merecem ser considerados. O primeiro é que todos estes e outros assuntos serão explorados pela oposição durante a campanha.

Segundo: confirmam que o imponderável pode acontecer a qualquer momento e ameaçar o favoritismo de Lula.

Tanto a invasão da Câmara pelo MLST quanto a decisão do TSE de engessar as coligações (revogada logo em seguida) mostram um cenário propenso a surpresas.

Geraldo Alckmin, seu maior opositor, está tendo ampla exposição na mídia por conta da propaganda partidária do PSDB. Em seguida virá a do PFL. Tal fato pode alavancar seu desempenho.

Por fim, Lula está encontrando dificuldades em harmonizar o PT com os aliados PSB e PCdoB. O presidente terá alguns palanques duplos em estados importantes, como Ceará, Pernambuco e Distrito Federal.

Pontos Positivos

De positivo, Lula teve o resultado da pesquisa Ibope realizada em São Paulo. Pela primeira vez, o presidente ultrapassou Geraldo Alckmin no Estado nas simulações de primeiro turno.

Outra boa notícia foi a aprovação da MP 281/06, que isenta investidor estrangeiro de imposto de renda nas aplicações em títulos públicos.

A decisão do TSE (revogada e seguida) revelou a grande fragilidade da aliança PSDB-PFL. O primeiro sintoma foi o questionamento feito pelo PFL sobre a viabilidade de Alckmin como candidato capaz de derrotar Lula. (veja comentário abaixo).

A CUT, que acaba de eleger seu novo presidente, anunciou total engajamento na campanha de Lula de acordo com a resolução de seu 9ºencontro realizado em São Paulo. A decisão retira espaço político do PSOL no meio sindical.

O desempenho da economia e o impacto dos programas assistenciais na renda dos pobres está sendo medido eleitoralmente e favorece amplamente a Lula.

Como afirmou José Sarney, tais programas e o desempenho da economia tornam Lula quase imbatível. O resultado da pesquisa do Ibope em São Paulo é uma prova do seu favoritismo.