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Duas semanas decisivas paras as tendências


Murillo de Aragão


 


Faltando sete semanas para o primeiro turno, a eleição entra em sua fase crítica: debates e propaganda eleitoral. Considerando o quadro da semana passada, Lula prossegue favorito apesar de ter cometido um grave erro de postura nas entrevistas no Jornal Nacional (Rede Globo). A polarização PT-PSDB continua predominante, ainda que uma subida meteórica de Heloísa Helena não possa ser descartada.


 


A semana passada terminou de forma curiosa em relação à disputa sucessória. Nas pesquisas, Lula levou ampla vantagem. A campanha de Alckmin está sem rumo e não consegue empolgar seus aliados. Já nas entrevistas para a Rede Globo, Cristovam Buarque e Heloísa Helena se saíram bem e devem ser premiados com alguns pontos nas próximas pesquisas. Lula teve o pior desempenho dos candidatos entrevistados.


 


Irritado com William Bonner teria discutido com ele antes do início da entrevista Lula foi confuso, displicente e mal-humorado. Errou nos dados e informações que apresentou e não conseguiu sair do córner imposto pelos dois jornalistas que, normalmente, não são agressivos com o governo.


 


O episódio da entrevista desastrosa de Lula é importante. Afeta o público mais esclarecido, mas não deve ser trágico em termos de intenção de voto. No atual estágio da campanha, com confortável distância para o segundo colocado e com Alckmin tendo uma campanha inconsistente, Lula ainda tem espaço para errar sem ser ameaçado.


 


As duas primeiras semanas da propaganda eleitoral serão críticas para consolidar as tendências da sucessão. Caso Geraldo Alckmin consiga se sair bem, poderá paralisar o crescimento de Lula, retomar alguns pontos e jogar a campanha para o segundo turno. Do contrário, o presidente poderá se consolidar nos atuais patamares e marchar para a vitória definitiva no primeiro turno.


 


Outro aspecto importante para o segundo turno é o desempenho de Heloísa Helena. Potencialmente, ela poderá ultrapassar o patamar de 15%, ainda insuficiente para assegurar o segundo turno.


 


Dois experientes parlamentares, José Aníbal e Luiz Eduardo Greenhalgh, em evento promovido pela Arko Advice na sexta-feira passada em São Paulo, concordaram que o eleitorado está muito arredio. Tal quadro pode favorecer mudanças bruscas nas preferências. Geraldo Alckmin, de acordo com o Vox Populi, perdeu 10 pontos em um mês, mostrando que uma parcela importante do eleitorado ainda não está segura de quem seria o melhor candidato para enfrentar Lula.


 


Mesmo assim, a polarização PT-PSDB ainda não está ameaçada. É o cenário predominante. No entanto, a subida de Heloísa Helena deve começar a preocupar. Se chegar aos 15% com Alckmin paralisado em 20%, a campanha de Heloisa Helena pode tomar outra dimensão. O risco de uma nova polarização não deve ser totalmente descartado.


 


Neste momento, a realização do segundo turno está nas mãos de Geraldo Alckmin, que tem tido um desempenho muito irregular. Sua salvação é a propaganda eleitoral que se inicia nesta terça-feira (15/08).


 

Mas o horário eleitoral gratuito, por si só, vale dizer, não tem provocado grandes mudanças na corrida sucessória. Nas eleições presidenciais de 1994, 1998 e 2002, quem liderava as pesquisas de intenção de voto em agosto acabou vencendo a disputa.