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Quatro semanas para o primeiro turno

Murillo de Aragão


 


Apesar da discreta subida de Alckmin no final de agosto, a reta final do primeiro turno abre-se com amplas chances para Lula. Basta o presidente não esquentar a campanha nem cometer erros que poderá vencer no primeiro turno. Provavelmente, por uma margem apertada. Talvez, em situação semelhante a verificada em 1998, quando FHC confirmou a vitória definitiva no primeiro turno com 53,1% dos votos válidos.


 


O que joga a favor de Lula, além do ambiente econômico positivo para as camadas mais populares do eleitorado, é a desorganização da campanha de Geraldo Alckmin. Aparentemente, Alckmin não consegue motivar o eleitorado a pagar o custo da mudança de presidente.


 


Ainda que o candidato do PSDB-PFL tenha todo o potencial para ser um bom candidato, a campanha não ajuda, o discurso não empolga e os aliados o estão traindo. Somente após enorme tiroteio de aliados contra a sua propaganda eleitoral, Alckmin resolveu ser mais agressivo.


 


Mesmo com todo o favoritismo, a vantagem de Lula de 12 pontos contra todos os candidatos pode ser pulverizada nas próximas semanas.


 


Para tanto, Alckmin teria que ter um desempenho acima das expectativas e contar com erros de Lula. Ou algum fato novo aparecer na cena política. Assim, o favoritismo de Lula só seria ameaçado por fatos novos extraordinários.


 


A campanha entra em setembro do jeito que estava no início de agosto. Lula é favorito, tem chances de vencer definitivamente em primeiro turno, mas o jogo não acabou. Alckmin ainda pode virar o resultado.


 


A relativa cautela que os candidatos à Presidência tiveram em agosto não deve se repetir em setembro, quando deverão ocorrer ataques mais diretos ao presidente Lula e ao seu governo. FHC chegou a recomendar na semana passada botar fogo no palheiro. Aliás, em seus últimos programas de agosto, Geraldo Alckmin caminhou nessa direção, resgatando o episódio do mensalão. Além do aspecto ético, os candidatos deverão passar a explorar mais os aspectos negativos do governo, como aumento do desemprego e crescimento do PIB abaixo das expectativas.



Porém, dada a ampla vantagem de Lula e o fato de que a munição disponível contra ele já ser de conhecimento da maior parte do eleitorado, a simples pancadaria não é garantia de sucesso, mesmo que possa render algum ganho em termos de preferência eleitoral. Para virar o jogo, Alckmin terá que empolgar e mostrar que vale a pena fazer a mudança.