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Segundo turno é possível nas eleições presidenciais

16:48 ATT. MURILO ARAGÃO PREVÊ SEGUNDO TURNO NA ELEIÇÃO PARA
PRESIDENTE
 
Att. Srs. Assinantes
 
A reportagem distribuída às 16h13 contém uma incorreção. A análise do cientista político Murilo  Aragão é de que o episódio da “Operação Tabajara” poderá provocar um empate técnico entre o  presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a soma dos demais candidatos a presidente, provocando  assim o segundo turno.
 
Segue a nova versão com correção no primeiro, segundo e sexto parágrafos.
 
 
São Paulo, 21 – O cientista político e presidente da Arko Advice, Murilo Aragão, acredita o  candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, e os demais candidatos a presidente,  somados, poderão empatar tecnicamente nas intenções de voto com o presidente Luiz Inácio Lula  da Silva antes do primeiro turno da eleição. Essa seria a maior conseqüência provocada pela  chamada “Operação Tabajara”, como o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, chamou o episódio de tentativa frustrada de compra por petistas de um suposto dossiê que envolveria o ex-ministro da Saúde e candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra, no esquema dos sanguessugas.
 
“É difícil dizer se o favoritismo de Lula foi abalado pela Operação Tabajara mas, mesmo antes desse episódio, Alckmin vinha melhorando nas pesquisas, reduzindo de vantagem de Lula de 12 pontos porcentuais para 9 pontos porcentuais (sobre a soma dos de todos os adversários)”, comentou Aragão à Agência Estado.
 
Ele considera que a gravidade do caso é tamanha que os desdobramentos das investigações da PF poderão trazer conseqüências na corrida presidencial, a ponto de já começar a provocar  apreensão no mercado financeiro. “Desde o fim de semana passado temos dito que o caso é sério e que pode mudar o cenário eleitoral, inclusive por se tratar de um episódio novo, específico da eleição, sem relação com o mensalão”, ponderou.
 
Há simbologia, na visão de Aragão, no fato de o PT estar envolvido em mais um escândalo político e, principalmente, na saída do coordenador da campanha de Lula, o presidente nacional da sigla, deputado Ricardo Berzoini (SP). “Entendo que Berzoini não fazia grande diferença para a campanha de Lula. É um homem preparado, mas não sei se é grande estrategista, a ponto de colocar o presidente nessa enrascada”, avaliou.
 
“Lula tem apanhado na imprensa incessantemente nos últimos 15 dias, com ataques do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), uso de beneficiados de programas sociais em comício e suspeitas sobre a produção de cartilhas. O presidente poderia ter feito uma campanha positiva, mas acaba sendo emparedado”, adicionou o especialista.
 
Para Aragão, a depender da intensidade de cobertura do noticiário da mídia eletrônica nos próximos dias, e a realização do debate do dia 28 pela Rede Globo, “é perfeitamente possível que a diferença entre Lula e os demais candidatos nas pesquisas caia para algo como 4 ou 3 pontos porcentuais, um empate técnico”.
 
Isso acontecerá, segundo Aragão, se três movimentos forem executados simultaneamente: a repercussão pública da divulgação pela Polícia Federal de quem foi o arrecadador e repassador do R$ 1,75 milhão apreendidos com os petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha e que serviriam para a compra do suposto dossiê; a manutenção da intensa cobertura da mídia eletrônica sobre o episódio; e a capacidade dos oposicionistas de Lula em explorar politicamente o caso.
 
“Se tudo isso for muito bem explorado e mantiver a repercussão, pode ser um fator decisivo pra que ocorra o segundo turno”, analisou o cientista político.
 
Os primeiros reflexos de prejuízo à campanha de Lula poderão ser sentidos nas pesquisas de intenção de voto a serem divulgadas nos próximos dias e, de maneira mais intensa, a partir da semana que vem, na reta final da campanha, salienta Aragão.
 
Esse movimento poderá, inclusive, levar o presidente Lula a participar do debate programado pela Rede Globo para o dia 28. “Acho que o presidente Lula deveria ir pra dizer que não tem medo e pode enfrentar de frente os problemas. Se não for, haverá um festival de ataques contra ele proferidos por todos os outros adversários”, estimou. (Jander Ramon)