O próximo presidente deveria dar preferência para negociações comerciais com países mais ricos, que compram mais produtos complexos da indústria brasileira, defende Marcos Jank, presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Comerciais (Ícone).
Marcos Jank faz uma avaliação lúcida da nossa política comercial e tem a coragem de defender um acordo comercial com os Estados Unidos. Em momentos de intensa demagocia eleitoral, a postura de Jank merece louvor. Para ele, a política externa brasileira erra por dar ênfase a aproximação com países em desenvolvimento e não dar prioridade para os grandes mercados, como Estados Unidos e União Européia.
Faz sentido ter um acordo com o Paquistão em vez de ter um acordo com os Estados Unidos? Me parece perda de foco. É muito mais interessante, por exemplo, criar a Área de Livre Comércio das Américas, acredita.
No entanto, Jank considera Lula um dos responsáveis pelo fracasso das negociações para criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Lula tentou reorientar a política comercial para a América do Sul e países em desenvolvimento e, de certa forma, foi um dos responsáveis pelo final da Alca, que era uma negociação que já vinha desde 94.
Jank finaliza demolindo um dos mitos do atual momento político: o crescimento das exportações brasileiras nos últimos anos não é fruto da política externa do governo Lula, mas da conjuntura doméstica e internacional. O comércio cresceu porque o câmbio esteve desvalorizado durante um certo período e porque a economia mundial cresceu muito mais do que a economia brasileira, mas isso não é fruto de acordo comercial, avalia.