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Rescaldo político da semana

Coube ao ministro da Coordenação Política, Tarso Genro, dar início à discussão que dominou a semana. Anunciada a vitória de Lula no segundo turno, o ministro veio a público para anunciar o que chamou fim da era Palocci, caracterizada pela preocupação neurótica com a inflação. Tarso foi desautorizado por Lula que negou a existência de uma política econômica de Palocci.  


A ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que tinham dado declarações em favor da retomada do crescimento econômico, adotaram mais cautela. Dilma Rousseff defendeu a retomada do crescimento, mas falou também na necessidade de cortar gastos. O jornal O Globo destacou em primeira página que há uma divisão dentro do governo quanto aos rumos da economia no segundo mandato de Lula.


 


O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, concedeu uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, na terça-feira, atribuindo uma parcela da vitória de Lula à estabilidade econômica.  Analistas temem que o Banco Central  perca parte de sua autonomia, voltando a subordinar-se ao Ministro da Fazenda.


 


Na quarta-feira, Lula reuniu quatro ministros e o presidente do Banco Central e disse que tinha achado muito infelizes a declaração de Tarso Genro sobre o fim da era Palocci. O presidente deu seu recado: não quer mais saber de divergências públicas sobre os rumos da economia e cobrou propostas dos ministros. O presidente quer um nome de peso para a equipe econômica e o PT terá reduzida sua presença no primeiro escalão. Jorge Gerdau no ministério seria o desejo de Lula.


 


O presidente em exercício do PT, Marco Aurélio Garcia disse que  “a lei do silêncio” imposta por Lula no debate sobre a política econômica não atinge o partido, que vai continuar dando palpites no assunto. Marco Aurélio disse também que o PT defende novos rumos para a economia, com queda mais rápida na taxa de juros e não se intimida com a ordem de Lula.


Antes de seguir para quatro dias de descanso em Salvador, Lula recebeu um telefonema do governador eleito de Minas, Aécio Neves. Ambos devem se reunir na próxima semana, por convite de Lula. Ao mesmo tempo, funcionários do Palácio do Planalto entraram em contato com assessores do governador de São Paulo, José Serra. Líderes do PSDB e PFL garantem que não vão participar de conversas no Palácio do Planalto. E, desautorizando os governadores, dizem que o entendimento, deverá ser no Congresso.