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Reforma Ministerial: entre a cruz e a calderinha

Lula ameaçou fazer uma reforma ministerial rápida. Queria que todos os novos ministros estivessem nos cargos no final do ano. Parece que não vai funcionar.


 


Depois de assegurar o núcleo central do seu governado, do qual é o coordenador e comandante-em-chefe, Lula poderá adiar a reforma para 2007. As dificuldades estão em duas frentes: PT e PMDB.


 


O PT resiste em ser despejado de setores do governo. Afinal, investiram em Lula – aceitando o seu “neoliberalismo” – para ocupar espaços na máquina pública. Não vão aceitar a saída sem esboçar resistência nem ter compensações.


 


Já o PMDB é um problemão. Como sempre. Primeiro Lula quer saber, já, antes de entregar os ministérios, o tamanho do apoio que irá receber. Em segundo lugar, Lula quer saber se o PMDB entrega o que promete em termos de apoio ao longo de 2007.


 


Além de ser caro, o PMDB sempre promete mais do que entrega, além de ter um sério problema de liderança: quem manda no partido?


 


Assim, por problemas alheiros a sua vontade, a reforma anda em passos de tartaruga na melhor tradição da era Lula.


 


A primeiro reforma, concluída em 2004, demorou nove meses. Mesmo assim, o tempo não foi  suficiente para impedir que se cometesse a grosseria de demitir Cristóvão Buarque  pelo telefone quando em viagem a Lisboa.


 


A substituição de figuras importantes, como José Dirceu e Carlos Lessa, foi lenta e cruel. Palocci perigou no cargo, mas foi ficando. Só foi embora quando a situação ficou insustentável com o episódio da quebra do sigilo do caseiro.


 


Considerando a velocidade das negociações e a ausência do anúncio de novos nomes, existe o risco da reforma ultrapassar o final do ano. É o que está sendo especulado em Brasília: inaugurar o governo com a mistura de ministros temporários com ministros de verdade.


 


No entanto, seria vexatório começar o novo mandato sem ter um ministério novinho em folha. Mesmo composto de figuras do governo passado. Por outro lado, seria lamentável que a rapidez obrigasse a Lula escolher nomes inadequados.


 


Assim, Lula está entre a cruz e a calderinha. Pior:  tendo o apoio político como oriente, o novo ministério pode ser politicamente forte e tecnicamente frágil. Espero que não.