Por não ter atingido a cláusula de barreira (5% dos votos nacionais e 2% dos votos em 1/3 dos Estados), o PPS morreu e virou MD Mobilização Democrática a partir dos restos mortais do PMN e do PHS. A morte do PPS, que foi o PCB Partido Comunista Brasileiro, o velho Partidão, é um tristeza para poucos. O PPS nunca colou.
Em 2002, o partido elegeu apenas 15 deputados federais (2,9% do total) e 1 senador. No mesmo ano, elegeu 2 governadores e 41 deputados estaduais (3,9% do total). Em 2004, elegeu 306 prefeitos (5,5% do total do país), sendo que 2 de capital, e apenas 5,4% dos vereadores do país.
Teve seu melhor momento quando o então governador Antonio Brito e parte de seus aliados no PMDB foi para a legenda. Brito foi derrotado por Olívio Dutra (PT) na disputa pelo governo do Rio Grande do Sul em 1998 e abandonou a política. Com Antonio Brito, o PPS poderia ter tido uma sobrevida e até disputado a eleição presidencial em 2002 contra José Serra e Lula.
O bom desempenho de Ciro Gomes no PPS não chegou a ser um bom momento. Em 2002, Ciro teve 12% dos votos válidos na eleição presidencial. Acho que o partido não tinha um ideário apropriado ao estilo de política de Ciro Gomes. Ali, mesmo tendo um candidato presidencial forte, o partido perdeu o rumo e se acabou.
Na eleição deste ano, o PPS não teve candidato presidencial. Elegeu 22 deputados federais (4,29% do total) e 1 senador. Também elegeu 2 governadores e 42 deputados estaduais (3,96% do total).
A morte do PPS é triste por sepultar a idéia que um partido de esquerda moderna, sem os ranços autoritários e rompantes de esquerdismo pueril, pudesse florescer no Brasil. Tinha embocadura para ser o novo na política, aquilo que o PSDB foi nos anos 80. Porém, nunca foi nem um sucesso de público nem um sucesso e crítica.
Morreu sem deixar saudades. Talvez, apenas eu, possa me dar ao trabalho de comentar o seu passamento.
Não nego. Gostaria que o PPS tivesse dado certo e se transformado em uma força política respeitável. Uma abordagem responsável para a economia sem descuidar do lado social. Algo que os governos FHC e Lula conseguiram parcialmente.
O surgimento do MD pode não dar certo. Faltam nomes carismáticos para conseguir votos. O novo partido vai depender da adesão de políticos insatisfeitos aqui e ali para obter os 5% de votos necessários para superar a cláusula de barreira nas próximas eleições. Caso contrário, terá que se juntar a mais alguns micro-partidos para continuar existindo.
Roberto Freire, o último presidente do partidão e do PPS, é o presidente do novo MD, Como um Dom Quixote da política nacional, é um dos políticos mais decentes que temos. Tomara que tenha êxito em sua mais nova empreitada.