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As aventuras de Sérgio Cabral

A tentativa de Sergio Cabral de trazer Joaquim Levy para o seu secretariado no Rio de Janeiro está fadada ao fracasso. Além de ser uma fria enorme, dado o caos financeiro e administrativo do Estado do Rio de Janeiro, o Banco Mundial é porta de acesso para um grande banco privado de ponta onde o salário pode ultrapassar a casa do milhão de dólares por ano.


 


Imaginem trocar uma possibilidade desta para ter que lidar com as finanças de uma administração  mutretata e cheia de gatilhos como a do Rio?  Somente este ano faltam mais de 7 bilhões de reais para a execução do Orçamento do estado.


 


A iniciativa pode ser um factóide. Cabral sabe que Levy ganha muito e que deixou o Brasil pelo fato de precisar ares novos. Assim, cogitá-lo é, mais ou menos, uma tentativa na base do se deu, deu.  Aceitando é ótimo. Recusando, valeu a tentativa.


 


Cabral sabe que Levy tem uma imagem de austeridade. A especulação de que poderia vir para o seu governo projeta a imagem de que ele estaria comprometido com um projeto sério e austero.


 


Apesar de ter passado em branco pelo Senado, Cabral é muito vivo.  Até demais. Por exemplo, diz que não quer cargo federal para apoiar Lula . Ao mesmo tempo, trabalha com afinco para emplacar um ministro na cota do PMDB. 


 


Ao tempo que namora e oferece juras de amor e apoio desinteressado a Lula, tem uma parceria com Aécio Neves. Sabem, ambos, que Lula vai ser passado daqui a quatro anos e que eles, jovens na cena política, podem ter  futuro juntos.


 


Outra mostra de sua habilidade está na costura fluminense. Trouxe o PT, namora com o PSDB fluminense e já está se livrando do relacionamento íncomodo com a família Garotinho. Aos poucos ele vai isolando Garotinho e César Maia que, separados, não representam perigo.


 


Sergio Cabral, apesar de sua inegável capacidade de articulação, tem que ter cuidado. Somente agora ele foi promovido à primeira divisão da política nacional.  


 


Seu estilo é bom: perfil público baixo e intensa articulação e costura. Mesmo assim, o jogo ficou mais difícil e administrar do Estado do Rio de Janeiro é como começar um jogo perdendo de muito.  É um estado desorganizado, cheio de problemas sérios, que deve muito, tem uma bancada federal fraca, é cada vez mais provinciano e perdeu importância na cena nacional.


 


No âmbito pessoal, Cabral não deve esquecer do fato de que muita esperteza pode ferir o dono. Vejam o exemplo de Garotinho. De candidato presidencial competitivo  cabo eleitoral do Pudim, deputado federal do PMDB fluminense. Cabral deve ter muito cuidado e saber administrar todas as pontas de sua complexa articulação.   


 


Por fim, vale uma palavra sobre suas alianças políticas. Daqui a pouco ele terá que decidir: Lula ou Aécio. Não vai dar certo ser aliado dos dois por muito tempo. Apenas se a costura envolver Lula. Ai, é outra estória.