O conservador Felipe Calderón assumiu a presidência do México na semana passada em meio a uma intensa crise política. Depois de vencer as eleições por uma margem ínfima de votos, os primeiros meses de governo Calderón serão vitais para determinar a legitimidade do seu mandato que é questionada pela oposição.
No seu discurso inaugural, Felipe Calderón tentou enfatizar uma política de diálogo e conciliação, depois que a campanha presidencial realçou as suas profundas diferenças com a esquerda.
Um dos principais desafios do novo Governo será pôr fim ao conflito no estado de Oaxaca, iniciado em 14 de junho, quando o Governador pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI), Ulises Ruiz Ortiz, ordenou a repressão aos professores que realizavam protestos contra os baixos salários, o que resultou em uma batalha campal, com mortos e feridos.
Para Calderón, resolver o conflito será determinante para assegurar a Governabilidade. Para tanto, o novo Presidente terá que enfrentar uma situação de intenso risco político da qual não pode esquivar-se.
O Partido da Revolução Democrática (PRD), do candidato presidencial derrotado por Calderón, Andrés Manuel López Obrador, demanda a cabeça do governador Ruiz Ortiz. No en tanto, o PRI o defende e pediu a Fox e a Calderón que o proteja, enquanto que o governista Partido de Ação Nacional (PAN) está entre a intervenção federal e estender a mão ao PRI, cujos votos necessita no Congresso.
Consciente de que o país sofre uma crise política e de governabilidade, o político conservador quer fortalecer as relações entre o Executivo federal e os mandatários dos 31 estados do país.
Calderón dialogará com os governadores, em um encontro do qual também participarão os Ministros de Gabinete, que foram instruídos a começar a trabalhar imediatamente nas prioridades do Governo: segurança, justiça social e emprego. Estes temas não faziam parte do programa do PAN, e foram incluídos depois que a esquerda quase venceu pela primeira vez a presidência do México na eleição que levou Calderón ao poder.
Felipe Calderón pretende conciliar suas diferenças com a esquerda por meio de políticas que combatam a pobreza que afeta a metade da população do país, que é de 103 milhões de pessoas. Para isso, fomentará a criação de empregos e reorientará os gastos públicos para apoiar as micro e pequenas empresas.
Outro desafio do novo mandatário envolverá a situação da capital mexicana, governada pelo PRD. As autoridades da Cidade do México, cujo novo prefeito, Marcelo Ebrard, assumirá em 5 de dezembro, anunciaram que só estão dispostas a dialogar com os legisladores federais do PAN, mas não com o mandatário.
Esta postura constitui outro obstáculo que Calderón terá que enfrentar, já que, segundo as leis vigentes, é o Presidente quem nomeia o procurador e o secretário de segurança da Cidade do México, o que promete ser mais um embate com o PRD.
A capacidade de negociar com a oposição será determinante para o sucesso do novo Governo do México. A oposição se mostra pouco disposta a dialogar, e o novo Presidente terá de enfrentar essas situações de risco logo no início do seu mandato.
No caso de Oaxaca, Calderón tem duas alternativas: a primeira, caso decida intervir no estado, o que é improvável, se aproximar da esquerda, mas alienando o PRI, partido aliado e vital para que o Governo obtenha a maioria no Congresso; a segunda, mais razoável, é tentar uma solução negociada que implique ou na renúncia de Ruiz Ortiz do Governo de Oaxaca, ou num acordo com os manifestantes, resolvendo assim o conflito e mantendo a sua base de apoio no Legislativo.