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Josias de Souza revela motivo da briga entre Tasso e Lúcio Alcântara

Do blog de Josias de Souza, da Folha:


 


Um mistério da eleição de 2006 o rompimento entre os tucanos Lucio Alcântara, governador do Ceará, e Tasso Jereissati, presidente do PSDBcomeçou a ser elucidado. Quebrando o silêncio, Alcântara revelou os detalhes do enredo que produziu a encrenca. Inclui uma traição de Tasso ao tucanato e uma deslealdade de Ciro Gomes (PSB-CE) com Lula.


Segundo Lúcio Alcântara, Tasso o convidou para um encontro reservado. Deu-se em março de 2006, no apartamento do senador, em Brasília. Lá estava também Ciro Gomes. A dupla Tasso-Ciro propôs ao governador cearense o seguinte arranjo:


Lucio Alcântara deixaria de concorrer à reeleição. Disputaria uma cadeira no Senado. E declararia apoio à candidatura de Cid Gomes (PSB), irmão de Ciro, ao governo do Ceará. Em troca, Cid apoiaria o presidenciável tucano Geraldo Alckmin, contra Lula.


O acordo foi selado. Alcântara rejeitou a candidatura ao Senado. Disse que gostaria de cumprir o mandato de governador até o fim. Mas comprometeu-se a apoiar Cid Gomes. Em seguida, deu-se o inesperado.


Saindo da reunião com Tasso e Ciro, Alcântara comentou os detalhes do acordo com o coronel Zenóbio Guedes, seu chefe da Casa Militar. E Zenóbio deu com a língua nos dentes. Passou o segredo para o deputado tucano Adahil Barreto, que por sua vez, contou o que ouvira a outro deputado do PSDB, João Jaime.


Jaime relatou o ocorrido a Tasso Jereissati. Dias depois, abespinhado com o vazamento de um acerto que se pretendia secreto, o senador reuniu o PSDB cearense e declarou-se rompido com Lúcio Alcântara. O governador disse que, desde então, não falou mais nem com Tasso nem com Ciro. Mas diz ter apurado que os dois atribuíram a ele o vazamento do segredo do apartamento de Brasília.


Desfeito o acordo, Lucio Alcântara lançou-se candidato à reeleição. Foi surrado nas urnas por Cid Gomes, que subiu ao palanque empunhando a bandeira de Lula, não a de Alckmin. Hoje, Cid posa de governador alinhado com o Planalto, Tasso segue presidindo o PSDB que traiu e Ciro Gomes é cotado para ministro de um presidente ao qual tentou ser desleal.


O relato acerca do acordo foi feito por Lúcio Alcântara em entrevista ao programa Questão Aberta, da TV Diário, afiliada da Globo no Ceará. Os detalhes encontram-se narrados na edição desta terça do Diário do Nordeste (exige cadastro, mas é de graça).