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FIESP quer expandir lobby em Washington

Diante da inoperância do governo brasileiro, quase sempre paralisado por dúvidas de natureza ideológica em sua relação com os Estados Unidos, a FIESP decidiu expandir  as ações de lobby do Brasil na capital norte-americana. O assunto foi inclusive tratado pelo Correio Braziliense de domingo (3/12).


A presença brasileira em Washington já ocorre por meio de uma iniciativa chamada Brazilian Information Center. Apesar de mantida por grandes empresas, é uma iniciativa importante e que demandaria mais recursos para funcionar adequadamente.  A FIESP decidiu contratar o escritório Fierce, Isakowitz & Blalock (FIB) considerado pela revista Fortune a melhor firma de lobby de Capitol Hill, no Congresso nos EUA.  


Duas observações merecem ser feitas. A primeira é a de elogiar a iniciativa da FIESP que está tomando a atitude certa para salvar a manutenção do Brasil no SGP – Sistema Geral de Preferências que beneficia produtos brasileiros com isenções nos Estados Unidos. Com a decisiva colaboração da AmCham Câmara Americana de Comércio de São Paulo que prefere atuar com um perfil mais discreto, a FIESP tem feito um belo trabalho na defesa dos interesses do Brasil em Washington.   


A segunda observação refere-se ao caráter tardio da iniciativa. O Brasil não é adequadamente defendido em Washington. Pior, mal sabem a importância do Brasil para o comércio norte-americano. Os parlamentares norte-americanos, na sua maioria, são muito provincianos. Boa parte deles jamais saiu dos Estados Unidos. Mal sabem onde é o Brasil e não imaginam que o nosso país e um dos maiores parceiros econômicos do seu país. 


Certa vez, ao conversar com um senador da Flórida em visita ao Brasil perguntei se sabia qual era a relevância do Brasil para o seu estado. Não soube responder. Investiguei no banco de dados do Senado norte-americano se ele havia falado a palavra Brasil alguma vez. Jamais. Não sabia que o Brasil, na época, era o maior parceiro comercial de seu estado. Muitos bilhões de dólares a frente do Japão, o segundo maior parceiro. 


Assim, uma ação organizada, como imagino que seja a intenção da FIESP, pode dar bons resultados.  Sobretudo em dar uma visão mais fiel do Brasil. Não apenas com base nas más notícias da imprensa internacional. No entanto, não basta a FIESP pensar que um lobby específico sobre a questão da SGP será suficiente. O trabalho deve buscar ir mais a fundo. A FIESP deve tentar estabelecer coalizões com as empresas norte-americanas com presença no Brasil e que atuam intensamente em Washington na defesa de seus interesses. Enfim, o Brasil deve ser apresentado ao mundo político norte-americano de forma competente e eficaz.  Sobretudo, mostrar ao político norte-americano que atuar contra os interesses do Brasil pode não ser um bom negócio para as empresas e os contribuintes norte-americanos.