A morte do carniceiro Pinochet deflagrou uma série de manchetes insultuosas e emocionais com relaçao ao evento.
Aqui e ali, para não ser considerada completamente tendenciosa, a imprensa mostrou que o pinochetismo econômico ainda está vivo e é, talvez, o modelo mais bem sucedido da fracassada América Latina.
A Gazeta Mercantil, em um brilhante editorial de ontem, disse que o êxito econômico de Pinochet não era tão evidente e atribuiu o sucesso do Chile aos presidentes social-democratas e socialistas que o sucederam.
Todos tem alguma razão. Pinochet fracassou nos anos 80, mas sedimentou algumas das reformas que possibilitaram o os presidentes democráticos avançarem.
Lembro que em conversa com Ricardo Lagos em Brasília, antes de ser eleito presidente, me disse que a luta contra a inflação era de todos independente de ideologia. E, ainda, que – mesmo sendo socialista – não iria rever reformas nem privatizações que tinham sido importantes para a estabilização econômica do país.
Voltando ao ponto. Não me importa algumas manchetes tendenciosas. Sobretudo, saúdo o fato de que alguns veículos conseguiram olhar Pinochet acima das paixões estudantis e ideológicas.
Aguardo, com paciência,o desfecho da passagem de Fidel Castro. Outro carniceiro. Muito mais carismático, cheio de palavras bonitas e encanto.
Seduziu intensamente a geração anterior à minha. Pelo meu lado, não cai no conto de Fidel, um grande enganador.
Sei de muitos que sofreram (e sofrem) nas prisões cubanas e condeno a falta de democracia e de eleições diretas, o rebaixamento dos direitos humanos, o absoluto fracasso econômico e, principalmente, a ausência de liberdade de imprensa na Ilha.
Nada contra Cuba. Meus cubanos favoritos são Guillermo Cabrera Infante, que morreu no exílio e dissidente da revolução que apoiou; Pedro Juan Gutierrez ,cujos livros são especiais em retratar a vida na Ilha, e o trio Montecristo Edmundo, Partagas Série D e Cohiba Esplendidos. Charutos maravilhosos.