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Impasse na Bolívia pode levar a nova crise institucional

Na manhã de ontem, o presidente em exercício da Bolívia, Álvaro García Linera, reuniu-se com representantes de comitês cívicos do país para tentar chegar a algum termo sobre as deliberações na Assembléia Constituinte.


Participaram do encontro apenas cinco dos nove departamentos (correspondentes aos estados no Brasil) e não chegaram a um acordo. Ambas as partes, governo e representantes dos comitês, mantiveram-se irredutíveis em suas posições.


A Lei da Reforma Agrária foi aprovada ontem no Senado com algumas denúncias da oposição de compra de votos por parte do governo. Agora, os oficialistas conseguiram aprovar o artigo da maioria absoluta, ignorando o mecanismo de maioria qualificada de dois terços para realizar as reformas constitucionais.


Com isso, Evo Morales ganha poder e deixa a oposição acuada. O partido do presidente conta com 14 deputados além da maioria absoluta, que passou a ser o necessário para aprovar textos na constituição. com isso poderá realizar toda a sua proposta eleitoral.


Nesse cenário, os líderes opositores estão vislumbrando chamar a população para a resistência civil. Os argumentos que têm sido apresentados clamam por uma resistência pacífica, mas os ânimos estão se acirrando e já começam a surgir focos de violência.


A situação tende a piorar, pois os líderes departamentais, principalmente das regiões mais ricas do país, não estão aceitando a forma como a Bolívia está sendo conduzida, levando-se em conta os desejos de apenas a metade do povo.


Os norte-americanos já começaram a se manifestar. O secretário para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos Estados Unidos , Charles Shapiro, declarou sua preocupação com relação a saúde da democracia boliviana. Participou de uma reunião com o vice-presidente, Garcia Linera, e apresentou que, embora acredite na maturidade política do povo boliviano, certas questões mostram que o princípio democrático de respeito às minorias está sendo desprezado.

A situação está ganhando dimensões de impasse. O governo está esperando que os representantes dos comitês e os demais cidadãos apresentem propostas para poder discutir. A questão é que, com as manobras realizadas pelo governo, dificilmente quaisquer reivindicações serão ouvidas. Não será surpresa se a oposição adotar medidas mais drásticas e o país caminhe para a violência.