Murillo de Aragão
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado na semana passada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é um factóide economicamente frágil e fácil de ser criticado.
Entre as falhas graves, ele não deve ser suficiente para entregar o crescimento prometido pelo próprio presidente (de 5%), aumenta o gasto público, não reduz a carga tributária, destina benefícios para setores específicos e coloca as empresas estatais como centro do projeto.
Mesmo assim, pode ser politicamente um grande lance. O PAC apresenta um programa. Uma idéia forte que, potencialmente, organiza o governo ao seu redor para o segundo mandato de Lula.
Outra vantagem está no relacionamento do governo com os parlamentares. O PAC apresenta uma agenda de trabalho para o Congresso. Ainda que não atenda às necessidades do País, obriga uma discussão sobre projetos específicos com a base política.
Traz, ainda, um benefício para o governo na discussão da composição do novo ministério: quem apóia a agenda proposta deve ser recompensado com posições no Poder Executivo.
Conclui-se que, mesmo sem propostas efetivas e confiáveis, o PAC tem o mérito de organizar a agenda do governo e obrigar seus aliados a discutirem seu relacionamento com o Palácio do Planalto a partir das propostas colocadas em discussão.