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A bancada sindical

Do Correio Braziliense de hoje: 


Uma bancada influente no Congresso

Parlamentares ligados ao sindicalismo atuam em bloco em temas de interesse dos trabalhadores, como reajuste do mínimo e alterações no Programa de Aceleração do Crescimento



Leonel Rocha
Da equipe do Correio












Paulo H. Carvalho/CB – 1/11/06
Aragão: sindicalistas evitam intermediários
 
A divisão ideológica dos partidos políticos se reflete na formação, criação e até fusão de centrais de trabalhadores. A CUT, por exemplo, abriga políticos do PT, PSB e PCdoB. Os tucanos não cabem na central, identificada com os petistas, e incentivaram a criação da Social Democracia Sindical (SDS). O mesmo aconteceu no PMDB, que tem na Central Geral dos Trabalhadores (CGT) a sua base eleitoral. As sete centrais mais importantes têm, cada uma, o seu correspondente no mundo partidário.

A maioria é manipulada pelos parlamentares. Mas as centrais mais organizadas já conseguem evitar esse controle. No atual Congresso, o poder sindical se mostrou coeso durante a negociação para a aprovação da lei que estabeleceu regras permanentes de reajuste para o salário mínimo. Sem a participação e a aprovação da bancada de sindicalistas o projeto não teria sido aprovado. O mesmo ocorre com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), enviado ao Congresso pelo presidente-sindicalista Lula e que muda a regra de utilização do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Por exigência das centrais, o saldo e o rendimento do fundo estão assegurados. Se as aplicações dos recursos em habitação e saneamento não renderem o que está previsto na lei atual (3% de juros mais correção monetária), o governo pagará a diferença. Graças ao poder das centrais sindicais dentro dos partidos mais representativos, o governo recuou na intenção de propor uma nova reforma na Previdência Social.

A alternativa já sugerida pelos sindicatos é que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) faça uma espécie de auditoria nas suas contas para detectar sonegação e desvios de recursos e assim reduzir o déficit. Para debater esse e outros assuntos polêmicos, os sindicalistas estão se articulando na Câmara. Querem formar um bloco.

O instrumento que eles encontraram foi a criação de uma Frente Parlamentar Sindical para definir uma agenda prioritária de interesse dos trabalhadores, entre os assuntos estão os temas da macroeconomia como crescimento econômico com geração de emprego e renda e redução nas taxas de juros. Com a quinta bancada de deputados no Congresso e reforço no Senado, com os experientes sindicalistas, hoje no poder, querem muito além de aumentos salariais e melhoria das condições de trabalho.

Segundo o cientista político Murilo Aragão, a relação entre partidos e sindicatos hoje é de mão-dupla. As duas instâncias se usam. Os sindicalistas resolveram ser políticos para que suas reivindicações de alteração legislativa não necessitem mais de intermediários, como acontecia antes, explica Aragão.