A proposta de concessão de aeroportos, nascida na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), promete dramatizar a queda-de-braço entre o órgão e a Empresa de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Com autorização da direção da estatal, um grupo de funcionários, cujo líder é o engenheiro Carlos Guapindaia, se organiza para tomar parte no debate sobre a privatização. “Queremos debater o assunto com a Anac porque temos muito a ensinar”, afirma ele. Segundo especialistas, a iniciativa é louvável, mas os servidores da Infraero precisarão provar se realmente a administração pública é a mais eficaz.
Manobra da Anac tentou tirar a Infraero da discussão sobre o vôo da privatização dos aeroportos, o que pode atrapalhar a intenção de conceder à iniciativa privada a administração de terminais brasileiros. O presidente Lula enfrenta a pressão do governador do Rio, Sérgio Cabral, um dos maiores interessados na privatização; nos bastidores, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, considera a idéia temerária. A intenção dos funcionários da Infraero é convencer o Planalto a realizar aquilo que consideram o modelo ideal: o misto, com 51% do capital administrados pelo governo.