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Começou o Jogo da Sucessão

O ano político já está em curso. O centro das atenções é o presidente da República, que trabalha para encerrar seu mandato em alto estilo num ambiente de incerteza econômica internacional. Para ele, é essencial manter a popularidade alta em 2009, combustível para eleger o sucessor em 2010.


É importante entender a situação com a qual se defronta um presidente da República sem possibilidade de reeleição em final de mandato. O pior de todos é o cenário Sarney, que há 18 anos deixou o Planalto desprestigiado e abandonado por todos. O melhor é o de popularidade alta mesclada a um sentimento de saudade e expectativa de retorno, como aconteceu com Itamar Franco em 1994.


Para evitar o primeiro, a manutenção da popularidade é essencial. Tanto para manter a capacidade de ajudar o candidato governista quanto para conservar um mínimo de coesão da base política no apoio ao governo. Em final de mandato, há um crescente desinteresse pelo que faz o presidente, na mesma medida que se forma uma densa nuvem de nostalgia. Considerando o quadro, necessidades e desafios e, sobretudo, o fato de que o jogo da sucessão já está sendo jogado, as ações do governo em 2009 devem seguir as seguintes linhas básicas:



 Políticas de controle da inflação
 Manutenção de programas sociais
 Ofertas de isenções tributárias específicas
 Ampliação de linhas de crédito para setores influentes
 Política seletiva de aumentos de salários


O controle da inflação é essencial pelo fato de seus efeitos atingirem toda a sociedade ao mesmo tempo. Uma inflação domesticada é a base da popularidade do presidente e vetor essencial para o sucesso do governo. Portanto, a tendência natural é que o governo mantenha a atual política de contenção dos preços. Mesmo que, para tal, intervenha com mais rigor nos reajustes de preços públicos (combustível, tarifas diversas etc) e mantenha uma política monetária apertada (com juros elevados).


No tocante aos juros, o Banco Central já sinalizou na última reunião do Copom que deve reduzir a Selic este mês. O ambiente econômico atual queda na atividade econômica favorece a diminuição dos juros. Ainda assim, o custo do dinheiro continuará muito caro. Os programas assistenciais existentes na esfera federal em especial, o Bolsa-Família vão continuar e atingir mais de 10 milhões de famílias.


Junto com o controle da inflação, os programas assistenciais asseguram a Lula o apoio popular das classes C, D e E. Ambas as questões inflação baixa e assistencialismo são vitais no quadro das políticas públicas em 2009. É necessário também ter a sustentação de setores influentes da sociedade organizada. Áreas empresariais e sindicais com influência política deverão obter estímulos e incentivos para enfrentar a crise econômica e manter o respaldo ao governo.


Com as isenções e linhas de crédito, o governo beneficia setores que podem causar problemas ou que são relevantes no quadro político. Segmentos específicos, como o binômio metalúrgicos-indústria automobilística tradicionalmente são beneficiados com iniciativas de renúncia fiscal e linhas de crédito de natureza excepcional. Até agora, temos a conjunção dos seguintes vetores: juros altos (controle da inflação), gastos elevados (programas assistenciais) e renúncia fiscal (isenções). O passo seguinte é manter elevada a oferta de crédito por meio das instituições financeiras estatais. Tal movimento também atende demandas específicas da sociedade com poder de influência junto às esferas públicas e põe em ação um amplo sistema de geração de eleitores petistas.