O IBGE divulgou o resultado do PIB do primeiro trimestre do ano. Houve uma queda de 1,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Isto significa que de janeiro a março de 2009, o Brasil entrou em recessão técnica. Isto acontece quando o PIB cai por dois trimestres seguidos. Esse quadro de deterioração foi o principal responsável pela queda na popularidade do presidente no primeiro trimestre. De acordo com a CNT/Sensus, a aprovação de Lula caiu de 84% em janeiro para 76,2% em março. O Datafolha também registrou o baque. A avaliação ótimo/bom do governo caiu de 70% em novembro para 65% em março.
Da mesma forma, os sinais de melhora na economia resultaram em recuperação de prestígio do presidente junto à opinião pública. A aprovação de Lula pela CNT/Sensus no mês passado chegou a 81,5%, a terceira melhor marca de toda sua gestão (83,6% em janeiro de 2003 e 84% em janeiro de 2009). Pelo Datafolha, a avaliação ótimo/bom de Lula alcançou 69% em maio, o segundo melhor resultado desde janeiro de 2003. A maior foi em novembro de 2008. Na avaliação de economistas, 2010 tende a ser melhor do que 2009 em termos econômicos. Isso significa que o presidente Lula deve chegar ao ano de sua sucessão com elevadíssimos índices de popularidade. Mesmo sem um engajamento intenso e sistemático na campanha de sua preferida, Dilma Rousseff, Lula já conseguiu com que ela chegasse entre 16% (Datafolha) e 27,8% (CNT/Sensus) das intenções de voto, dependendo do cenário. Enfim, a ministra do PAC já ultrapassou o governador Aécio Neves, um político profissional a quase 0ito anos no cargo. E em março de 2008, Dilma tinha apenas 3% (Datafolha).
Quando Lula e seus ministros entrarem de cabeça na campanha da ministra, considerando a enorme habilidade de comunicação do presidente e o apelo eleitoral de algumas ações do governo voltadas para a área social, a tendência é que Dilma se fortaleça ainda mais. Ou seja, o candidato do governo – seja ele quem for – deverá estar no segundo turno em 2010, num embate que o ministro José Múcio está chamando de “eleição de um turno só”, tal é a sua polarização PT X PSDB. Salvo evento excepcional já que não existe um sentimento latente de mudança na orientação do país. Com o ambiente econômico relativamente sob controle e a popularidade do presidente em alta, Dilma tende a iniciar a contagem final para o inicio da campanha em boa situação. A oposição necessitará de enorme dose de habilidade, criatividade e sorte para manter a vantagem que tem hoje quando o candidato é José Serra (PSDB).
Pois a verdade é que há duas explicações para o crescimento das intenções de voto governista na ministra Dilma Rousseff, conforme pesquisas Datafolha e CNT/Sensus. A primeira é a melhoria na popularidade do presidente Lula. Identificada como candidata do governo, ela tende a ser beneficiada quando a avaliação do presidente melhora. Segundo, a longa exposição nos programas de rádio e TV que o PT teve em maio, de 30 minutos. Em junho, o PSDB terá idêntica exposição. O partido precisará ser muito eficiente na sua mensagem e dar espaço privilegiado aos governadores José Serra e Aécio Neves, suas principais alternativas ao Planalto em 2010. Se mesmo diante dessa exposição, os potenciais candidatos do PSDB não apresentarem qualquer melhora nas pesquisas de intenção de voto, será um preocupante sinal de alerta para a legenda. No cenário de curto prazo, o PSDB não tem outra saída para alavancar suas intenções de voto, a não ser o imponderável. Por isso, deve aproveitar a propaganda partidária com a máxima eficiência possível.