A revista Veja desta que está nas bancas informa que o banco americano Goldman Sachs anunciou na semana passada um extraordinário lucrou de US$ 3,44 bilhões entre abril e junho deste ano, alcançando o trimestre mais lucrativo de seus 140 anos de história. A matéria informa ainda que, mantido o ritmo no segundo semestre, o Goldman Sachs deverá distribuir US$ 22 bilhões a seus quase 30 000 empregados em 2009, um ano depois de a indústria financeira mundial – particularmente os bancos de Wall Street – terem se prostrado perante a pior crise mundial desde o crash de 1929”. Sendo assim, a recuperação da Goldman Sachs é um sinal importante de retomada da economia norte-americana. Escrevo de Nova York, onde vim fazer palestras sobre o futuro da economia brasileira como faço regularmente desde 1992. O verão não está muito quente; o movimento nas lojas e nas ruas comerciais, sim. Não exatamente como acontecia antes da crise, mas está longe de ser um quadro desolador. Pouco a pouco os Estados Unidos vêm recuperando seu ritmo. A injeção de recursos públicos na economia está funcionando. Alguns analistas estão dizendo que a pior crise da história do capitalismo está ficando para trás nos Estados Unidos.
A notícia é excepcional para o Brasil. Na medida que a economia norte-americana aquece, passaremos a exportar mais para lá. Para o Brasil, que tenta consolidar sua posição de player, o que é relevante é vender para o maior numero de países possível. A recuperação da economia norte-americana reforça a situação brasileira e aponta para um novo fluxo de dólares para o país. Os sinais positivos do Brasil também foram noticiados pela Veja: “O Brasil criou 300.000 empregos no primeiro semestre, os bancos cobram o menor juro para empréstimos pessoais desde 2007, a Bovespa recuperou a maior parte de seu valor pré-crise e a indústria automobilística pode terminar o ano com crescimento de 6,4%, depois de fechar o melhor junho de sua história”.
Politicamente, a melhora da economia é uma grande notícia para o governo Lula, já que reforça seu cacife econômico para os tempos da sucessão que se avizinham. No Brasil de hoje, onde o presidente goza de imenso prestígio, uma melhora na conjuntura internacional reforça ainda mais o cacife eleitoral de Dilma Rousseff na campanha de 2010. Graças à solidez de seus fundamentos, algo que foi construído há mais de uma década e preservado com avanços importantes pelos dois mandatos de Lula, o Brasil atravessou a crise sem problemas graves. A resposta do governo também foi rápida, abrangente e ocorreu em várias áreas.
Agora o governo deve atacar a questão da burocracia e dos custos indiretos do salário e o Congresso acelerar a aprovação de projetos de grande poder revigorador da atividade econômica (Cadastro Positivo, Precatórios e Reformulação do Sistema Brasileiros de Defesa da Concorrência). A crise nos trouxe desonerações fiscais e a certeza de que o país estava caro para o investimento. Com as lições da crise, o caminho para um crescimento forte e sustentável está aberto. Como menos peso burocrático e tributário, leis modernizadoras e melhoria do cenário econômico internacional, nossas perspectivas de curto-prazo são excelentes. A retomada do crescimento poderá ser consistente e os resultados do emprego tendem a melhorar. Enfim, se as perspectivas são excelentes, não custa transformá-las em realidade.