A pesquisa CNT/Sensus divulgada na semana passada não foi boa para Dilma Rousseff, para quem trouxe algumas notícias negativas. A ministra parou de crescer, sua rejeição aumentou, os entrevistados acreditam mais na ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira do que nela e José Serra (PSDB) continua liderando com folga e tem baixo índice de rejeição.
Nota que o jornalista Ancelmo Gois publicou em seu blog sobre pesquisa atribuída ao Ibope por encomenda do PMDB repercutiu desfavoravelmente no partido. Pelo levantamento, as intenções de voto na ministra teriam caído de 18% para 13%, deixando o cenário assim: Serra, 42%; Ciro, 14%; Dilma, 13%; Heloísa Helena, 7%; e Marina Silva, 3%.
Dilma Rousseff retorna ao trabalho nesta semana após curto período de férias. Governo e PT terão que pensar numa forma de impulsionar sua candidatura até o final do ano. Se Dilma não chegar a, pelo menos, 25% das intenções de voto até dezembro, a situação ficará complicada. O PMDB poderá ser levado desistir da aliança com o PT e os demais partidos da base, como o PSB, poderão sentir-se estimulados a lançar candidato próprio.
Conforme a agenda do Planalto, da semana passada, há um conjunto de boas notícias
programadas para 2010 que poderão ajudar Dilma Rousseff. Neste momento, porém, ela não tem sido beneficiada pelas coisas boas do governo Lula, embora seja penalizada pelas más. Seu desafio é reverter tal situação.
Não há, no momento, uma alternativa forte para substituir Dilma, caso seja necessário. Antonio Palocci (PT-SP) é o preferido do PT, aliados, empresários e mercado. Mas eleitoralmente, ainda não parece ser viável.
Pesquisa CNT/Sensus mostrou que o ex-ministro tem a mais forte rejeição entre todos os candidatos apresentados pelo instituto aos entrevistados: 45%. Com esse índice, Palocci não teria chance.
Por que o ex-ministro tem uma rejeição tão alta? Porque, apesar de o Supremo Tribunal tê-lo inocentado no processo em que era acusado de suposto envolvimento na quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos, o assunto foi revisitado pela mídia. E ocupou um bom espaço durante três semanas.
Mesmo com Palocci absolvido pela Suprema Corte, percebe-se que o tema ainda divide a opinião pública. No próprio STF, o resultado foi bastante apertado em favor de Palocci (5X4). Certamente esse fato seria explorado pela oposição na campanha. O ex-ministro, o mais bem preparado candidato governista, precisaria de mais tempo – algo que ele não tem – para contornar a situação.
O PTB pode deixar a base de Lula?
O presidente do PTB, Roberto Jefferson, já anunciou apoio à candidatura do PSDB à Presidência em 2010. Tem dito que após a saída de Múcio do Ministério das Relações Institucionais, seu partido não assumirá cargo no primeiro escalão do governo.
A saída de Múcio, portanto, indica que o PTB deve deixar a base? Não, pois o partido tem cargos no segundo e terceiro escalões. Mas é possível que a cobrança do PTB aumente, seja por mais cargos, seja por liberação de emendas.
Na Câmara, onde tem 23 deputados, a média de apoio ao governo desde 2003 é de 65,04%. Com maioria folgada na Casa (364 votos), o governo não precisa do partido. Já no Senado, onde cada voto é estrategicamente muito importante, o quadro muda de figura. A base formal do governo é de 53 votos e o PTB tem cinco senadores.
Mas ali não parece haver disposição para rompimento com o Palácio. Gim Argello (DF) tem sido um aliado de primeira hora. Fernando Collor (AL) se reaproximou de Lula e Epitácio Cafeteira (MA) é do grupo de José Sarney (PMDB-AP), que deve a Lula o fato de continuar presidente do Senado.