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Meirelles faz alerta contra euforia no mercado brasileiro

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles avaliou em entrevista à Reuters que há um "componente de euforia" no mercado brasileiro, mesmo após dados do segundo trimestre terem mostrado que a economia superou a recessão. "O que se percebe é um comportamento de euforia que pode, ou não, estar se refletindo nos preços. Mas existe nos diversos mercados. Seja no mercado, por exemplo, cambial. Seja nos mercados futuros, inclusive de precificação de curvas de juros, seja em outros tipos de ativos, em que pode haver, ou não, euforia", afirmou. 

Como o mundo reage à crise

"Agora, não há definição precisa que diz 'este mercado especificamente, a partir deste ponto, está configurada a bolha', isso não existe." Meirelles acrescentou que, na formação de preços, é muito importante que os agentes econômicos estejam "cada vez mais alertas para não fazerem movimentos de formação irrealista de preços de ativos em geral".

"E até que as regulamentações prudenciais estejam prontas, sejam no mercado de crédito, sejam no mercado de derivativos, seja nos mercados em geral, é importante que mantenhamos no mundo todo esse mecanismo de alerta. E no Brasil também."

Na entrevista, Meirelles também avaliou que o próximo governo terá como principais desafios impulsionar investimentos em infraestrutura e em educação, e também enfrentar questões como a ineficiência fiscal e a burocracia. "Um dos gargalos mais sérios e objetivos que o Brasil pode enfrentar nos próximos anos é mão-de-obra treinada, em todos os níveis."

Meirelles também disse ser contrário a mudanças no regime de metas de inflação e reiterou que os candidatos à Presidência em 2010 devem tornar públicas, o quanto antes, suas principais propostas na área econômica.

 

'Sem risco de mudanças no BC'

 

Meirelles afirmou ainda que não vê riscos de mudança de rumo na política monetária caso decida deixar a instituição antes do fim de 2010, quando termina o atual governo. Mas pondera que não pode dar garantias sobre isso e que ainda avalia os custos de uma candidatura. "Eu posso garantir o que eu faço, eu não posso garantir o que aconteceria em outras circunstâncias", ressalvou Meirelles em entrevista à Reuters, nesta sexta-feira.

Se optar por concorrer nas eleições do ano que vem, a expectativa mais forte é de que Meirelles se candidate ao governo de Goiás. Ele foi eleito deputado do Estado pelo PSDB em 2002, mas renunciou ao mandato para assumir a presidência do BC a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Meirelles afirmou que estará concentrado a partir deste fim de semana em conversas para definir a conveniência, ou não, de uma filiação partidária. "Eu estarei avaliando isso nos próximos 10 dias para decidir se vale a pena ou não", afirmou. O prazo final para a filiação de concorrentes à eleição de 2010 é 3 de outubro.

Para o presidente do BC, o debate no país provocado por sua eventual filiação a um partido político não chegou aos investidores internacionais, que consideram o assunto "uma questão irrelevante". Ele reiterou que, mesmo que se filie a um partido, isso não significará, necessariamente, que enfrentará as urnas em outubro de 2010. A volta ao setor privado em 2011, segundo Meirelles, não está descartada.