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A política em tempos de mudança

Quando Lula conseguiu eleger Dilma Rousseff como presidente da República, abriu-se a possibilidade de que o lulismo se projetasse como força política dominante por mais oito anos e, até mesmo, de que se renovasse adiante por mais um ou dois mandatos.
O lulismo tinha seus alicerces fundados em um sólido apoio partidário, sindical e empresarial, apoio do sistema financeiro e dos movimentos sociais, além de imensa popularidade. Três anos de gestão Dilma destruíram esse apoio.
Os sindicatos estão rachados. Pelo menos duas centrais sindicais devem ter projetos autônomos em relação à Dilma: a UGT (União Geral dos Trabalhadores), que apoiará o PSD, e a Força Sindical.
Os movimentos sociais estão divididos e desestimulados. Já não demonstram o mesmo apoio. O empresariado está decepcionado com o andamento da economia, com as idas e vindas intervencionistas, entre outras questões.
O mercado financeiro, que se convenceu de que Lula era um bom negócio, perdeu o encanto com o governo e, diretamente, pune a economia real com doses de desconfiança.
Paradoxalmente, Dilma Rousseff continua favorita para ganhar as eleições à Presidência em 2014, apesar de ter a sua popularidade demolida pelas manifestações de rua em junho. Agora, aos poucos, vai recuperando essa popularidade, mas nada será como antes. Dificilmente, com a economia funcionando devagar, ela voltará aos 70% de aprovação.
A mais recente pesquisa CNI/Ibope sobre a avaliação do governo da presidente Dilma Rousseff apontou que a aprovação (ótimo/bom) subiu seis pontos percentuais (de 31% para 37%) no período entre julho e setembro. A avaliação regular oscilou positivamente dois pontos (de 37% para 39%), enquanto a avaliação negativa (ruim/péssimo) caiu nove (de 31% para 22%).
 
O Ibope também apontou uma ampliação da vantagem da presidente Dilma Rousseff (PT) em relação aos seus principais adversários, o que representa um aumento do seu favoritismo na busca pela reeleição.
A mídia eletrônica, que não gosta de Dilma, tenderá a ser mais agressiva na pré-campanha. Em especial, se os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) ou Eduardo Campos (PSB) mostrarem real viabilidade. Marina Silva (Rede Sustentabilidade) ainda é uma incógnita.
O que temos pela frente são três cenários básicos. O primeiro é a reeleição de Dilma. Dele se desdobram dois subcenários: um novo mandato forte a partir da reeleição e com um ambiente econômico mais ativo, ou um mandato fraco com a base ainda mais dividida e desconfiada.
O segundo cenário é o de Dilma fora da competição, abrindo lugar para Lula. é um cenário improvável, mas não impossível. Lula poderá concorrer para salvar o lulismo. No entanto, não é uma opção fácil; exige uma pilotagem muito precisa para dar certo.
O terceiro cenário é o da vitória de um dos candidatos de oposição.
O cenário mais provável, no momento, é o da reeleição de Dilma, seguindo-se um novo mandato com fragilidades políticas maiores.
Isso porque, primeiro, o governo Dilma não tem credibilidade no meio político. Sua palavra pouco vale, o que gera retaliações e dificuldades nas negociações políticas.
O segundo aspecto reside no fato de que a capacidade de fazer mágicas na economia parece limitada. Não chegaremos a comprometer os fundamentos, mas tampouco teremos uma gestão de excelência.
O terceiro aspecto é que o lulismo carece de um sucessor para Dilma. Assim, a partir do primeiro dia de uma nova gestão Dilma, se abrirá uma surda disputa fratricida pelo posto de candidato do lulismo.
A salvação do segundo mandato de Dilma e do lulismo está no ambiente econômico. Porém, até agora, os sinais não são estimulantes.