José Maurício dos Santos
Considerado na última pesquisa divulgada há dez dias pelo CNT/Sensus a peça-chave da eleição presidencial em 2010 e cobiçado pelo PT para ser candidato do governo em São Paulo, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) decidiu entrar no bate-boca entre o PT e o PSDB e comprou a briga do governo.
Nesta terça-feira (10), o deputado acusou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) de ter "inveja" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de não ter "moral para falar mal" da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência. Ao se referir ao pré-candidato tucano ao Planalto, Ciro xingou José Serra (SP) de "figura detestável".
"A vaidade misturada com a inveja que o FHC tem de Lula é que provoca isso", afirmou. Para atacar FHC, Ciro lembrou as denúncias de compra de votos para aprovação da emenda que implantou a reeleição no Brasil. Argumentou ainda que, assim como Lula, Fernando Henrique também escolheu José Serra, na época seu ministro, candidato à sucessão presidencial. "A Dilma do FHC foi o Serra. O Fernando Henrique continua querendo impor essa figura detestável que é o Serra."
Ciro reconheceu que Dilma não tem experiência eleitoral, mas minimizou que isso seja um ponto negativo perto de suas qualidades. "Dilma não tem vivência eleitoral. Esse dote ela não tem. Mas ela tem todos os dotes: é o melhor quadro que Lula e o PT poderiam apresentar", ressaltou.
Ciro sinalizou que ainda cobiça disputar o Planalto e reconheceu que o PT e PSDB querem retirá-lo do páreo. "A única afinidade (dos dois partidos) é a tentativa de reduzir a um Fla-Flu. O Serra e o PT gostariam muito de retirar a minha oportunidade."
Apesar de ter o apoio do governo caso se candidate ao governo de São Paulo, Ciro Gomes insiste em manter sua candidatura à Presidência. E afirmou que só vai retirar seu nome da disputa presidencial se for um pedido do PSB. No carnaval, ele se encontrará com o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, em Recife. "Se o PSB quiser a retirada da minha candidatura à Presidência, eu aceito docemente. Se pedir para me candidatar ao governo de São Paulo, vou espernear muito e depois resolver", concluiu Ciro. Ele defendeu, no entanto, que o partido lance um nome, o do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, na corrida eleitoral paulista. "Time que não joga não forma torcida."