Pesquisa do Datafolha realizada nos dias 25 e 26 de março e divulgada neste final de semana mostra que José Serra (PSDB) voltou a crescer :passou de 32% em fevereiro para 36% e a ministra Dilma Rousseff (PT) ficou estagnada (de 28% para 27%). Ciro Gomes (PSB) passou de 12% para 11% e Marina Silva (PV) continuou com 8%.
A pesquisa foi a primeira depois que Serra admitiu publicamente que irá concorrer ao Palácio do Planalto. A sondagem também coincide com o fim da cobertura negativa da imprensa sobre as chuvas em São Paulo.
Dois outros fatores podem ter ajudado Serra: o noticiário negativo em torno do PT e da Bancoop e, ainda, o fato de o escândalo do Mensalão de Brasília ter arrefecido.
Combinados, os quatro dois fatores podem ter ajudado no crescimento do governador. E, mais ainda, no enfraquecimento momentâneo da preferência por Dilma que, pela primeira vez depois de um longo período, interrompeu uma trajetória de alta.
Como depende muito do envolvimento do presidente Lula na sua campanha, Dilma pode continuar estabilizada por algum tempo tendo em vista a decisão do Tribunal Superior Eleitoral que, por duas vezes consecutivas, multou o presidente por propaganda antecipada em favor da ministra.
No curto prazo, o resultado da pesquisa significa uma nova injeção de ânimo para a oposição. Pelo lado governista, mostra que a disputa não será tão fácil como alguns imaginavam. Afinal, após idas e vindas e da demora em se lançar candidato, Serra conseguiu subir pela primeira vez nas pesquisas.
Por outro lado, a sondagem também mostra que o comportamento do eleitor ainda está indefinido. Basta ver o percentual daqueles que, na pesquisa espontânea, ainda não escolheu seu candidato: 59%. Tal percentual coloca a eleição em um patamar de ampla indefinição.
Ainda mais que estamos longe do período crucial para a campanha. Será entre 6 de julho, quando os candidatos podem fazer campanha, e 17 de agosto, quando começa propaganda no rádio e na TV é que o quadro começara a se definir.
Até lá, Serra tende a continuar liderando as pesquisas, embora seja difícil dizer com que vantagem em relação à sua principal adversária. Quando puder fazer campanha para Dilma, Lula terá o desafio de transferir seu prestígio para sua candidata em forma de votos. O que será decisivo.
“Na pesquisa, confirma-se a estabilidade do potencial de transferência de votos de Lula a Dilma. A taxa de 14% que dizem votar com certeza em quem Lula indicar, mas que ainda não o fazem por desconhecer a candidata, está inalterada há três meses”, diz artigo do diretor do Datafolha, Mauro Paulino.
Isso significa que quanto mais tarde o presidente entrar na campanha de Dilma, pior para a candidatura governista. Pela lei, Lula poderá fazer campanha para sua ministra a partir de 6 de julho.
Entretanto, em nossa avaliação, Dilma continua como favorita. Ela ainda tem importantes trunfos: a economia está indo bem, as pessoas estão satisfeitas, o governo é bem avaliado e Lula é muito popular.
Os resultados da pesquisa mostram que a avaliação do presidente Lula bateu novo recorde: 76% consideram seu governo ótimo ou bom. Considerando que o eleitor tende a votar com o coração, o cenário que se desenha é o de elevada doses de “emocionalismo”. Nesse quesito, nem Dilma nem Serra vão bem. Mas, Lula pode e deve fazer a diferença.
A escolha do novo presidente vai estar associada à despedida do mais popular presidente da história do país com um momento de expressivo crescimento econômico. Apesar do alento dado pela pesquisa à oposição, as circunstâncias da campanha continuam favoráveis para Dilma.