Na semana passada, o presidente nacional do PTB, deputado federal Benito Gama (BA), anunciou que seu partido apoiará a candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) nas eleições de outubro. No final do ano passado, Dilma já havia recebido apoio do PSD.
Mesmo que a oficialização desses apoios venha a ocorrer apenas após a convenção nacional dos partidos, os anúncios feitos por PTB e PSD são muito importantes para o projeto de poder do PT liderado por Dilma, pois significam menos legendas disponíveis para serem procuradas pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) e pelo governador Eduardo Campos (PSB-PE), adversários em potencial da presidente.
Além do PTB e do PSD, Dilma Rousseff deve contar, em sua coligação, com PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer (SP), PCdoB, PRB e PROS. Com esses seis partidos ao seu lado, a presidente já contaria com 11 minutos e 19 segundos de tempo de TV durante o horário eleitoral gratuito.
Outros partidos que tendem a estar na coligação de Dilma são PR, PDT e PP. Caso essas três legendas confirmem o apoio à sua reeleição, o tempo de TV da candidata petista subiria para 15 minutos e 30 segundos (juntos, PR, PDT e PP totalizam 4 minutos e 11 segundos de tempo de TV). Ou seja, se Dilma confirmar a aliança PT, PMDB, PSD, PTB, PCdoB, PRB, PROS, PR, PDT e PP, ela será praticamente hegemônica na campanha de TV. Mais importantes que o horário eleitoral gratuito são as inserções a que a presidente terá direito durante a programação diária de rádio e TV.
Já Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) entram numa situação bastante desvantajosa no que diz respeito ao tempo de TV. Aécio, que hoje teria PSDB, DEM e SDD em sua coligação, teria 4 minutos e 13 segundos de palanque eletrônico. Já Eduardo, apoiado por PSB, Rede (que ainda não se constituiu formalmente como partido político) e PPS, teria apenas 1 minuto e 50 segundos de tempo de TV.
Dois partidos importantes para melhorar a situação de Aécio Neves e Eduardo Campos no que diz respeito ao tempo de TV são o PDT e o PP. Embora essas duas legendas estejam mais próximas de fechar aliança com Dilma, ainda não houve uma confirmação em relação a esse tema. O PDT, caso não coligue com a presidente, estaria mais próximo de Eduardo. Já o PP, caso não coligue com Dilma, tende a não formalizar apoio a nenhum dos presidenciáveis, apesar do desejo de Aécio de ter o apoio dessa legenda.
A adesão do PDT seria importante para Eduardo Campos, pois seu tempo de TV cresceria para 2 minutos e 49 segundos. Para Aécio Neves, por sua vez, seria importante atrair o PP, pois seu palanque eletrônico cresceria para 5 minutos e 57 segundos.
Vale destacar que outros partidos que podem ser importantes para Aécio e Eduardo são PSC, PV, PMN, PTdoB e PRP, que somam, juntos, 2 minutos e 58 segundos de tempo de TV.
Em relação à política de alianças construída pelos candidatos a presidente nas eleições de 2010, Dilma Rousseff pode ter uma situação ainda mais favorável. Em 2010, a coligação de Dilma era formada por 10 partidos (PT, PMDB, PDT, PCdoB, PSB, PR, PRB, PTN, PSC e PTC), que totalizavam 10 minutos e 38 segundos de tempo de TV. Mesmo perdendo o PSB, Dilma deve agregar o PTB e o PSD, compensando, assim, a perda dos socialistas.
O PSDB, que concorreu com o ex-governador José Serra em 2010, tinha o apoio de DEM, PTB, PPS, PMN e PTdoB, que somavam 7 minutos e 18 segundos de tempo de TV. Neste ano, Aécio Neves terá uma aliança e um tempo de TV inferiores aos registrados por Serra em 2010.
A ex-senadora Marina Silva, que em 2010 concorreu pelo PV e representava a chamada "terceira via", tinha apenas 1 minuto e 23 segundos de tempo de TV, próximo ao que Eduardo Campos possui atualmente