Embora figure em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para presidente da República, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) encontra dificuldades para definir seu candidato a vice. Um dos fatores que dificultam essa decisão é a aliança restrita que Aécio deve ter na disputa deste ano.
Por enquanto, além do PSDB, seu partido, apenas DEM e SDD estariam na coligação. E nenhum desses parceiros possui uma alternativa de candidato a vice-presidente com o peso de Marina Silva (PSB-AC) ou Michel Temer (PMDB-SP), que serão, respectivamente, os parceiros de Eduardo Campos (PSB) e Dilma Rousseff (PT) em suas chapas.
Diante desse cenário, cresce a possibilidade de que o candidato a vice de Aécio Neves venha do próprio PSDB, o que representaria a construção de uma chapa-pura por parte dos tucanos. Na semana passada, cogitou-se a possibilidade de o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) ser o parceiro de chapa de Aécio Neves. Em meio a essa especulação, FHC declarou que “não será candidato a mais nada”. No entanto, Aécio afirmou que “seria uma honra ter FHC na chapa”.
No cenário atual, a possibilidade de FHC ser o vice de Aécio Neves é remota. Ao que tudo indica, a especulação em torno de seu nome está ligada ao desejo de Aécio de ter um candidato a vice-presidente com força política em São Paulo.
A campanha de Aécio entende que, diante da força de Dilma Rousseff (PT) no Nordeste e das dificuldades encontradas pelo PSDB nessa região (segundo a última pesquisa Ibope, Aécio tem apenas 6% das intenções de voto no Nordeste), é importante que o senador conquiste um bom resultado no Sudeste para compensar a diferença em favor de Dilma no Nordeste.
Aliás, não é por acaso que, além de um candidato a vice que represente o PSDB paulista, Aécio Neves está tentando levar o PMDB para seu lado em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.
Em Minas, os tucanos ofereceram ao PMDB a vaga ao Senado na chapa de Pimenta de Veiga (PSDB), que será candidato a governador. No Rio, o PSDB poderá apoiar a candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), em troca do apoio do diretório do PMDB fluminense ao projeto presidencial de Aécio.
Outra explicação para a especulação em torno do nome de FHC na chapa de Aécio Neves é o entendimento de que é importante para o PSDB retomar a defesa do legado do Plano Real, principalmente para dispor de um discurso para criticar a gestão do atual governo no combate à inflação.