O deputado André Vargas (PT-PR) amanheceu hoje confuso, ao ser informado de que a renúncia, que decidira na véspera, talvez fosse inócua, uma vez que poderia não interromper seu processo de cassação. Culpado ou inocente, na prática Vargas já foi cassado, consequência de sua superexposição na mídia e de declarações do comandante do PT, Lula. Em recente entrevista, o ex-presidente disse que o deputado deve explicações completas sobre sua proximidade com o explosivo doleiro Alberto Youssef. E argumentou que, diferentemente do mensalão, o partido não pode pagar a caríssima fatura política do novo escândalo.
Foi a senha para o PT pressionar Vargas a não esperar a sangria de um processo no Conselho de ética, prologando o noticiário negativo até muito próximo da Copa do Mundo e das convenções que escolherão os candidatos à Presidência da República. Submeter-se ao conselho serviria apenas para apimentar as denúncias contra a Petrobras, que se alimentam dos mal feitos da suposta sociedade entre Vargas e Youssef, preso durante a Operação Lava Jato da Polícia Federal.
O vice-presidente da Câmara começou a deixar a política no início de fevereiro, durante solenidade de leitura da mensagem da presidente Dilma ao Congresso, quando, sentado na mesa da Câmara numa cadeira próxima ao presidente do STF, Joaquim Barbosa, ergueu o punho direito. Em vez de desagravo aos petistas condenados por envolvimento no mensalão, o gesto de Vargas imitando José Dirceu ao ser preso, só serviu para chamar a atenção sobre uma personalidade temerária. A sequência de infortúnios que se abateu sobre ele resultou no desfecho esperado para os próximos dias.