Escoltada por imponentes políticos no Salão Negro do Ministério da Justiça, na solenidade de posse da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), a nova ministra Luiza Bairros parecia uma respeitável intelectual, porém inofensiva. Quando chegou a sua vez de falar, o sorriso manso deu lugar à verve militante. "é preciso evitar a armadilha de considerar que a limitada estrutura de um ministério continue sendo o único espaço onde se aplicam as competências que construímos nos últimos anos", chegou reclamando. "Que vozeirão!", comentaram os convidados. O sotaque gaúcho, aliado ao currículo fortemente ligado à Bahia, garantiu um apelido: baiúcha.
Funcionários do governo da Bahia que trabalharam com Luiza na Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi) afirmam que, de tão exigente, a socióloga é considerada a Dilma Rousseff do movimento negro. "Os outros ministros que se cuidem." Os mais próximos, no entanto, relatam que a ministra é "doce" e conhecida como um mito vivo nas rodas negras da Bahia. "Ela educou uma geração inteira para andar de cabeça erguida", afirma uma ex-aluna e militante, explicando o estilo de Luiza, muito além das políticas que encaram a inclusão do negro apenas pelo viés dos direitos humanos. A nova ministra prega a participação do negro nas estruturas de poder. O lema é "preparar para dirigir".