Em áreas nobres de Brasília, uma legião de famílias lembra à presidente, Dilma Rousseff, a necessidade do cumprimento do mote de seu governo: a erradicação da miséria em quatro anos. Em condições pouco humanas, num exercício contínuo de sobrevivência, centenas de pessoas se instalaram a poucos metros dos espaços de poder por onde circula a presidente. Seja na Granja do Torto, no Palácio da Alvorada, no Palácio do Jaburu ou no Congresso, Dilma e o vice, Michel Temer, são vizinhos da pobreza extrema. Bastam alguns passos e disposição política para constatar como vivem – e como isso pode ser mudado – adultos e crianças com menos de R$ 130 por mês.
As residências oficiais da Presidência são entrecortadas por acampamentos de famílias carentes ou por invasões consolidadas há décadas – tão antigas quanto a própria residência oficial. Os fundos do Congresso são habitados por famílias que vivem de sobras. O mato alto das asas do Plano Piloto é salpicado por barracas de lona, onde vive quem (quase) esqueceu as origens. Brasília atrai a miséria. E não sabe o que fazer com ela.
O Correio Braziliense fez um levantamento das aglomerações de famílias extremamente pobres que vivem nas barbas do poder. A reportagem descobriu até três gerações surgidas num mesmo espaço, sem que a realidade tenha sofrido qualquer mudança, mesmo com a proximidade aos centros de decisão política. é o caso da invasão aos fundos do Senado: tem mais de 20 anos. Ou da vila irregular na Granja do Torto, às margens do Córrego do Torto. Há uma fila de esquecidos, vivendo em casebres de madeirite, na lama, em meio a inundações e esgoto.
Não é um problema especifico da presidente Dilma. Mas refere-se tanto à ausência de política eficientes no DF quanto aos séculos de injustiça social existentes no Brasil.