As principais patronais rurais da Argentina—Sociedade Rural Argentina (SRA), Coninagro, Federações Rurais (FRA) e a Federação Agrária Argentina (FAA)—finalizaram sua nona greve comercial em três anos contra o governo Cristina Kirchner. A medida foi adotada como forma de protesto as políticas adotadas para o setor. Os ruralistas ameaçam realizar novas paralisações. O país sul-americano é um dos maiores produtores rurais de alimentos.
A suspensão por sete dias na comercialização de grãos foi adotada como forma de protestos contra as intervenções do governo no mercado de trigo que, no entendimento das entidades agrárias, distorcem o preço do grão.
Além de não vender grãos por uma semana, as quatro entidades, que representam aproximadamente 290 mil agricultores, realizaram protestos no departamento de Bahía Blanca, uma das principais áreas produtoras de trigo, e no porto de Rosário, na porta da multinacional norte-americana Cargill, uma das maiores exportadoras de grãos da Argentina.
Nos últimos dias, a presidente Cristina Kirchner anunciou a liberação para a exportação de três milhões de toneladas de trigo para o soja 2010-2011. Porém, a Casa Rosada não tem dado nenhum sinal que aponte para o desmonte do complexo modelo de subsídios e cotas de comercialização.
Recentemente, o ministro da Agricultura, Julián Dominguez, antecipou que “o país irá para um processo onde o Estado intervirá cada vez mais forte no comércio de grãos para garantir o abastecimento da demanda doméstica a preços razoáveis frente a forte demanda internacional”.
Conforme podemos observar, o conflito entre governo e ruralistas permanece na agenda. De um lado, o governo alega que a intervenção é necessária para garantir o abastecimento do mercado interno. De outro, os ruralistas argumentam que esse mecanismo favorece apenas os grandes exportadores, que deixam de competir no mercado por conta dos benefícios dados pelo governo.