Os diretores da Corporação Nacional do Cobre (Codelco) estão criando as condições para privatizar a empresa, advertiram hoje aqui trabalhadores, especialistas e líderes sindicais chilenos.
Segundo o economista Julián Alcayaga, a estratégia do presidente executivo da empresa, Diego Hernández, está orientada à privatização a partir da apresentação primeiro de uma imagem exitosa da estatal e depois de outra de quebra.
"Apresentam sucessos maquiando cifras, mas com o tempo "constata-se" que a situação está francamente ruim e são necessárias medidas "extremas" que não impliquem em que o orçamento do Estado, "focalizado" nas necessidades das pessoas, seja desviado para salvar uma empresa. Não restando outra solução senão a venda", ilustra o especialista.
Tal orientação explica-se, argumentou Alcayaga, porque para conseguir a privatização requer-se uma reforma constitucional e um quórum impossível de se atingir na atualidade. Recorrem então a um "gerenciamento preparatório" ou "propiciatório" de uma opinião que vá nesse sentido, sublinhou.
Acrescentou que outra forma é avançar por partes no objetivo proposto, como já se faz com a venda da empresa elétrica Edelnor, um dos principais ativos da Codelco e como também se prevê com determinadas reservas e fundições.
De fato, os executivos da Codelco anunciaram associações com investidores privados para explorar minas a nível internacional, o que é visto de igual modo como um elemento para contrair dívidas que fundamentem logo a imagem de fragilidade da companhia.
"Isto vai muito além, no futuro a Codelco vai ser privatizada. Há um universo de 1.500 trabalhadores da Codelco contra 4.300 de empresas contratadoras", manifestou Egidio Masías, dirigente sindical da estatal.
Denunciou Masías que aos empresários convém ter funcionários subcontratados ao invés de próprios porque lhes pagam menos e os despedem quando querem; e se fazem greve, substituem-nos e pronto.
O presidente da Federação de Sindicatos de Supervisores e Profissionais ae Codelco, Ricardo Calderón, comentou que historicamente a empresa recebeu bem pouca atenção do Estado. Falta uma política de longo prazo, afirmou.
Raimundo Espinoza, presidente da Federação de Trabalhadores do Cobre, disse não entender a obsessão da atual administração de se desfazer dos ativos rentáveis do Estado, o que atribuiu a uma linha de pensamento de que eficiente é o privado.
A estatal de cobre concentra 30 por cento das reservas do metal vermelho no mundo.
PRENSA LATINA