O Equador vai manter o rompimento de suas relações diplomáticas com Honduras enquanto não houver punições para os responsáveis pelo golpe de Estado de 2009, afirmou o presidente equatoriano, Rafael Correa.
"Enquanto golpistas estiverem participando descaradamente do governo hondurenho [do presidente Porfírio Lobo] e se mantendo na mais absoluta impunidade", Quito não voltará a se relacionar com Tegucigalpa, disse ontem o mandatário.
O presidente ainda destacou que a posição de seu país permanece a mesma desde o início do conflito, assim "como era a de vários países da América Latina", aos quais, no entanto, disse respeitar muitíssimo a decisão.
O Equador foi o único país-membro da Organização dos Estados Americanos (OEA) a votar contra a reincorporação de Honduras no organismo, pois considera que as condições de respeito aos direitos humanos não estão devidamente estabelecidas.
"Democracia, estado de direito, devido processo, não à impunidade, não podem ser somente palavras que se repetem nos discursos", afirmou a embaixadora equatoriana frente à OEA, María Isabel Salvador, em ocasião da Assembleia Extraordinária que anulou a suspensão do país.
Segundo ela, "a impunidade propicia a repetição crônica da violação dos direitos humanos".
Por outro lado, na mesma ocasião, outros países começaram a fortalecer suas relações com Quito. A Indonésia anunciou ontem a criação de uma embaixada na capital equatoriana após uma visita recente do ministro de Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, ao país asiático.
Segundo o encarregado de negócios indonésios, Amnal Rachman, "a abertura desta Embaixada estreita as relações bilaterais entre o Equador e a Indonésia, estabelecendo reciprocidade entre as duas nações e simplificando muitos processos consulares".
Com relação a Honduras, o embaixador do Brasil frente à OEA, Ruy de Lima Casães e Silva, disse, na ocasião da Assembleia, que o retorno do país indica a "força e a vigência da Carta Democrática" da organização.
O representante norte-americano, por sua vez, se mostrou claramente preocupado com a violência no país centro-americano, enquanto o chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, recordou que todos os países rechaçaram o golpe militar ocorrido há dois anos.
Em junho de 2009, Manuel Zelaya foi deposto da presidência de Honduras por meio de um golpe de Estado.
ANSA